Blog UJS Ceará

O blog de política da juventude cearense!

Fórum Mundial Mídia Livre em Belém  

Em março de 2008, dezenas de jornalistas e pessoas ligadas à comunicação no país - unidas pela avaliação comum de que algo vai mal no reino da mídia nacional (e há um bom tempo, diga-se de passagem) - reuniram-se em São Paulo para pensar alguma ação comum na busca de caminhos para garantir maior diversidade informativa no Brasil. Desse encontro resultou o Fórum de Mídia Livre.

Essa articulação de veículos, jornalistas e outras organizações realizou, em junho de 2008, o 1º Fórum de Mídia Livre, no Rio de Janeiro e agora se prepara para realizar o 1º Fórum Mundial de Mídia Livre, na cidade de Belém, nos dias 26 e 27 de janeiro de 2009, véspera do Fórum Social Mundial.

Bom, mas que almeja esse Fórum de Mídia Livre? Almeja existir, sobreviver. A ditadura midiática que vimos ao longo das décadas se consolidar no Brasil o fez, em grande medida, pelo poder econômico e político do Estado, numa explicita demonstração de que o aparelho estatal sempre esteve à serviço do projeto político das elites brasileiras.

O investimento através de linhas de financiamento públicas, o aporte de publicidade governamental – seja ela direta ou indireta – foram determinantes para construir os impérios de comunicação que reinam no país, com o intuito de abafar as vozes contestatórias existentes na sociedade.

No entanto, abafar não é o mesmo que calar e, portanto, sempre houve o contraponto, que muitos batizaram de imprensa alternativa. De perfil amplo e variado que vai desde iniciativas criadas nas comunidades locais, ou por afinidades temáticas para um público segmentado, ou as ligadas aos mais diversos movimentos sociais, as de grande e pequeno porte, empreendimentos de comunicação aparecem constantemente com o propósito de dar vazão a um ponto de vista diferente daquele veiculado pela grande mídia.

Contudo, parte desses veículos alternativos, que vamos chamar aqui de mídia livre, morre no mesmo ritmo que nasce, sufocada pela falta de recursos. Os midialivristas têm em comum o objetivo de lutar para que as iniciativas de mídia que surgem no país possam existir e com isso dar sua contribuição para garantir a pluralidade de vozes na mídia, elemento indispensável para a construção e consolidação da democracia.

A realização do 1º Fórum de Mídia Livre resultou num manifesto, com uma breve plataforma, definido consensualmente entre os participantes, que reúne compromissos e indicativas de ações para efetivar a luta pela Mídia Livre.

Claro que de tanta pluralidade surgem divergências, pontos de vistas diferentes sobre como tratar questões relativas a essa luta. Tratar essas visões distintas sem ignorá-las mas buscando sínteses que fortaleçam na unidade e na diferença a articulação dos midialivristas é o desafio que está posto para a manutenção desse espaço de luta.

A realização do 1º Fórum Mundial de Mídia Livre, além de expandir as fronteiras dessa luta, congregando outros atores nessa batalha, tem o desafio de fortalecer a articulação nacional dos midialivristas para que a plataforma de compromissos traçados no encontro do Rio seja reafirmada e colocada em prática.

Por Renata Mielli, do Blog Janela sobre a Palavra.

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Movimentos Sociais lançam Comitê de Solidariedade ao povo palestino no Ceará  

Comitê se apresenta para a sociedade civil e lança agenda de atividades.

Em ato realizado no Comitê de Imprensa da Assembléia, foi lançado na manhã desta terça-feira (20/01) o Comitê Cearense em Solidariedade ao Povo Palestino. O movimento congrega 27 entidades e partidos políticos do Estado, entre eles a Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil, a Central Única dos Trabalhadores, a União Brasileira de Mulheres, Associação dos Docentes da Universidade Federal do Ceará, DCEs, PT, PC do B, PSTU, PSOL e PCB. A iniciativa visa a coordenar atividades de esclarecimento à população cearense sobre o ataque que o exército de Israel está realizando na Faixa de Gaza, matando milhares de civis, inclusive crianças.

De acordo com o deputado Lula Morais (PCdoB), o comitê tem também por objetivo esclarecer à população sobre o direito que os palestinos têm de constituir um estado soberano. Segundo ele, Israel vem cometendo um genocídio sobre a população civil palestina, vitimando centenas de crianças. “Temos que nos solidarizar com esse povo tão sofrido e fazer cessar essa exterminação”, frisou.

O vereador de Fortaleza João Alfredo (PSOL) lembrou que Israel tem repetidas vezes desrespeitado resoluções do Conselho de Segurança da ONU para que sejam cessadas as hostilidades. Além disso, o vereador frisou que os palestinos foram destituídos de território pelo estado judaico e impedidos de retornarem às suas terras.

De acordo com o jornalista Messias Pontes, que integra o comitê, na próxima quinta-feira, às 16 horas, será realizado um ato público. Vai acontecer uma caminhada no centro de Fortaleza, saindo da praça do Ferreira, indo até a praça em frente à sede do Banco do Nordeste, quando haverá um manifestação dos integrantes do movimento. Também será agendado um ato religioso ecumênico em solidariedade ao povo palestino.

Fonte: Movimentos Sociais PCdoB

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Marcelo D2 na Bienal da UNE  

O cantor vem divulgar as músicas do seu último trabalho "A Arte do Barulho".

"Deixa, deixa, deixa, eu dizer o que penso dessa vida, preciso demais desabafar..." A canção "Desabafo" têm grande chances de virar tema da 6ª Bienal de Cultura da UNE, o cantor que vive incansavelmente a procura da batida perfeita, vem procurar no pelourinho apresentando-se para mais de 15 mil pessoas dia 22 de janeiro a partir da meia noite.

Marcelo D2 confirmou presença na Bienal e vem divulgar as músicas do seu último trabalho "A Arte do Barulho". O novo disco conta com participações especiais de Seu Jorge, Jongo da Serrinha e Marcos Valle, além das cantoras Mariana Aydar, Thalma de Freitas e Roberta Sá. O novo trabalho ainda trás o dueto com o filho Stephan Peixoto, na canção "Atividade na Laje".

Além das apresentações de artistas renomados a programação do festival conta com diversos trabalhos nas mostras universitárias. A temática "Raízes do Brasil: Formação e Sentido do Povo Brasileiro" objetiva instigar a reflexão dos estudantes sobre as diversas influências na construção da identidade da cultura popular.

São trabalhos de estudantes de todo o Brasil, da Paraíba a Porto Alegre, do Acre a Minas Gerais, entre vídeos, fotografias, instalações, peças de teatro, bandas de música, obras literárias e outros. A Bienal ocorre em Salvador entre os dias 20 e 25 de janeiro.

Fonte: Sítio da UNE

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Lançamento do Comitê de Solidariedade à Palestina  

Representantes de movimentos sociais e de centrais sindicais lançam, nesta terça-feira (20), às 9h, na Assembléia Legislativa do Ceará, o Comitê de Solidariedade à Palestina. Entre os objetivos está a criação de uma agenda permanente de manifestações contra o massacre do povo palestino cometido pelo estado de Israel.

Já no dia 23/1, o comitê realiza uma passeata, saindo da Praça da Bandeira, às 15h, em direção à Praça do Ferreira. Ao final, haverá um ato com a participação dos movimentos presentes.

O comitê é composto pelos seguintes movimentos e entidades: ACES; CMP; CTB; CUT; Cebrapaz; DCE da FGF; DCE da FIC; FBFF; Fetrace; JR-8; MCP; MOVÊ-LOS; MR-8; PCB; PC do B; PT; PSTU; SEEACONCE; Sindpan; Sindicatos dos Bancários; Sindicatos dos Comerciários; Sindicatos dos Jornalistas; UBM; UBES; UJS; UNEGRO; Unefort; UGT-CE e UNE.

Comissão Responsável:

Marta Brandão – (85)8616-2653 / George – (85)8794-4694 / Camila Silveira – (85)9934-9686/8866-6035

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50 anos da Revolução Cubana é tema de programação da UJS-Fortaleza  

A Direção Municipal da União da Juventude Socialista (UJS) realiza nesta quarta-feira (14) várias atividades em comemoração aos 50 anos da Revolução Cubana.

A programação começa a partir das 16h, quando será exibido “Fidel”, filme que conta a história de líder revolucionário cubano. Em seguida, às 18h, a UJS Fortaleza promove um debate sobre o Socialismo de Cuba. Segundo o presidente da UJS em Fortaleza, Flávio Vinícius, um dos organizadores do encontro, o debate não se propõe apenas a falar sobre a revolução. “Nossa intenção é falar sobre o exemplo cubano e o novo contexto mundial de crise do capitalismo, onde o socialismo surge como alternativa”, diz.

Flávio Vinícius afirma ainda que a experiência cubana é um exemplo de luta e de resistência de um povo que enfrentou muitas dificuldades e embargos mas que hoje mostram avanços sociais importantes. “Não queremos dizer que o modelo vivido por Cuba seria aplicado no Brasil, mas que este exemplo merece ser analisado do ponto de vista histórico”, ressalta. O debate terá como expositor o professor de História Evaldo Lima.

As atividades se encerram com uma confraternização. A Festa Cubana promete animar todos os presentes. A programação acontece na sede da UJS em Fortaleza (Avenida da Universidade, 3107 – Benfica).

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Ato na Praça do Ferreira une entidades em apoio aos palestinos  

A tarde desta sexta-feira (09) foi marcada pela união de entidades cearenses e da sociedade civil que apóiam o povo palestino e protestam contra o massacre promovido por Israel na Faixa de Gaza.

Centrais sindicais e entidades da sociedade civil realizam na Praça do Ferreira um ato em apoio ao povo palestino com o objetivo de sensibilizar a população cearense sobre a gravidade do conflito na Faixa de Gaza, além de ser um apelo pela paz mundial.

Cerca de 50 manifestantes participaram do ato para denunciar o que eles chamam de genocídio perpetrado por Israel na região. Também houve recolhimento de assinaturas pedindo o cessar-fogo imediato e a entrada de ajuda humanitária na região para atender os palestinos.

Durante reunião realizada nesta semana no Sindicato dos Comerciários, foi tirada a necessidade de construção de um comitê local em defesa do povo palestino. A proposta é que ele seja criado na próxima reunião, dia 13 de janeiro (terça-feira), quando outras entidades devem compor o movimento.

“Estamos movidos pelo sentimento de solidariedade ao povo palestino e repúdio ao estado de Israel”, afirmou o membro do PCdoB, Rubens Bastos (Rubão). Para a presidente da CTB no Ceará, Marta Brandão, é preciso que as diferenças sejam deixadas de lado neste momento e que se construa um movimento de indignação diante desse atentado à vida. “Precisamos externar a nossa indignação e construir uma força de resistência”.

Participaram da manifestação representantes dos Sindicatos dos Comerciários e dos Bancários, Cebrapaz, CTB, CUT, PCdoB, PT, PCB, PSTU, DCE’s da FAC e da FIC, UNE, Ubes, MR8 e UJS.

Fonte: Portal Vermelho

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Estudantes se preparam para o 12º Coneb da UNE  

Os participantes do fórum debaterão, entre outros temas, o projeto de Reforma Universitária da UNE

Confira a programação completa, a tese da UJS - Da UNIDADE vai nascer a NOVIDADE, além das teses das outras forças, no final da matéria.

A cidade de Salvador será o ponto de encontro de jovens de todo o Brasil que definirão os rumos do movimento estudantil para 2009. Isso porque acontece entre os dias 17 a 20 de janeiro o 12º Conselho Nacional de Entidades de Base, o Coneb, um dos principais fóruns de deliberação da entidade que reunirá representantes de cerca de 2.400 Centros e Diretórios Acadêmicos de todo o Brasil para debater, principalmente questões ligadas à educação e articulação e mobilização estudantil.

Esta edição do Coneb terá uma novidade: durante os três dias de debates, plenárias e deliberações, os estudantes terão também a oportunidade de discutir ponto a ponto o Anteprojeto de Reforma Universitária da UNE e somar ao documento suas propostas. Estudantes tem até o dia 10 de janeiro para enviar suas contribuições através do endereço eletrônico: 12coneb@gmail.com.

O encontro terá programação focada na importância de pensar um novo modelo para a universidade brasileira. Em foco temas como a crise financeira e o papel do Estado brasileiro no desenvolvimento da nação, a universidade no centro do desenvolvimento da América Latina e do Brasil, o caminho da democratização da universidade brasileira, a Amazônia como espaço de integração na América Latina, entre outros.

Campanha Amazônia – Preservar sem entregar

Além de importantes discussões sobre assuntos que estão na ordem do dia, o 12º Coneb também será palco do relançamento da campanha "Amazônia – Preservar sem entregar", lançada no 11º Coneb, em 2006. O objetivo é conscientizar a sociedade da importância de defender o território e a soberania nacional e alertar as autoridades públicas para o descaso com que a região tem sido tratada.

Confira a Programação do 12° CONEB.

Leia abaixo as propostas enviadas até o momento:

Contraponto

Da unidade vai nascer a novidade

Juventude Revolução

Kizomba

Mudança

UNE é pra lutar

Rebele-se

Fonte: Sítio da UNE

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Programação Geral da Bienal da UNE e Trienal da OCLAE  

Programação Geral 6ª Bienal de Cultura da UNE e 1ª Trienal Latino americana de Estudantes da Oclae

20 de Janeiro - Terça-feira

09h00 às 18h00

Recepção, credenciamento e alojamento das delegações

Inscrições das oficinas

(Colégio Manoel Novais – Canela)

19h00 às 23h00

Abertura da 6ª Bienal da UNE – 30 anos da reconstrução (com Cine Jornal – vídeo – e encenação teatral que revive a história da UNE de Honestino Guimarães aos dias atuais)

Abertura da 1ª Trienal da OCLAE – intervenções pres. UNE e pres. OCLAE

Passeata com ex-presidentes para frente do Teatro Castro Alves

Convidados: Jacques Wagner, Juca Ferreira (repr. MinC), ex-presidentes da UNE, Lázaro Ramos, MST, CTB, CUT, ANPG, UBES

Trio Elétrico (campo Grande – Praça Castro Alves) – Margareth Menezes e afro-pop + Moraes Moreira

21 de Janeiro – Quarta-feira

09h00 às 12h00

Oficinas e mini-cursos

Artes Visuais

01 - Poéticas da rede

Cláudio Bueno / São Paulo

02 - Pin role

Bianca Portugal / Bahia

03 - Monotipia

Evandro Sybini / Bahia

04 - Iniciação teórico-prática à Crítica Institucional dos Coletivos de Arte na contemporaneidade desse momento atual, ou seja, hoje

Grupo de Interferência Ambiental – GIA / Bahia

Artes Cênicas

01 – Mamulengo

Gil Teixeira / Bahia

02 – Danças Circulares

Patricia Ferraz / Bahia

03 – Palhaço

Palhaço Xuxu (Luís Carlos Vasconcelos) / Paraíba

04 – Dança Afro

Balé Folclórico da Bahia

Literatura

01 – Epigramas

Elieser César / Bahia

02 – Poesia ritmada

James Martins / Bahia

03 – Fanzine

Mauricio Tavares e André Czarnobai / Rio Grande do Sul

04 – Adaptação cinematográfica de romances nacionais

Cinema

01 – Cineclubismo

Hermano Figueiredo

02 – Cinema de animação stop motion

Luciano Dami

03 – Edição de vídeo em software livre

Elielson

04 – Roteiro

Roberto Duarte

05 - Câmera (noções basica p/ amadores, visando novos mídias como youtube e festivais de videos de celular)

Nelson FTC

Música

01 – Percussão corporal

Barbatuques / São Paulo

02 – Vivência Musical Indígena

João José Felix / Paraná

03 – Música e a rede Software Livre – Produção Musical

Marcos di Silva Cristiano Figueiró Prof escola de Música da UFBA

04 – Rumpilezz

Orquestra Rumpilezz

Ciência e Tecnologia

01 - Antropologia da culinária

Lígia Amparo / Bahia

02 - Semiótica

03 – Farmacologia

Farmácia da Terra / Bahia

04

Oficinas Espaço Cuca

(Passeio Público)

14h00 às 16h00

Debates Simultâneos

Debates gerais

1) 10 anos de Bienal – Balanço dos avanços e desafios da relação UNE versus Cultura;

Tininha (atriz e prod. cultural, ex-coordenadores do CUCA); Santini (atual coordenador do CUCA); Fernanda Montenegro (atriz – Eles não usam Blck Tie); Sérgio Mamberti (pres. Funart); Aldo Arantes (ex-pres. da UNE, CPC); Luis Parras (ccordenador da VI Bineal); Ricardo Capelli (ex-pres. UNE)

2) Juventude e Políticas Públicas

Beto Cury (Secretário Nacional de Juventude); Serginho Groisman (Apresentador TV Globo); Regina Novaes (ex-pre. CNJ); Alejo Ramirez – OIJ (Argentina); Manuela D’Ávila (dep. Fed.); Rodrigo Abel (Superint. Juv. RJ)

3) Hip-Hop como elemento político social

Nação Hip-Hop Brasil; MH2O; Lamartina Silva (MHHOB); Preto Zezé (CUFA)

4) A AL e as relações Sul-Sul – Integração dos povos e desenvolvimento

Paulo Visentini (RI – UFRGS); Gilberto Marigoni (jornalista), Min. RI de Cuba, Samuel Pinheiro Guimarães (Itamaraty), Gustavo Codas (ASC);

Artes visuais

Espaço da Arte Contemporânea

Xiclet ( RJ), Grupo de interferência urbana Callajero (SP), Marilei Fiorelli (BA)

Artes Cênicas

O amador profissional: o que é se profissionalizar no Brasil

Luis Carlos Vasconcelos – Piollin (PB), Fernando Marinho / SATED (BA)

Literatura

As variedades do português

Américo Venâncio (BA), Rosa Virgínia Mattos e Silva (BA) e Marcos Bagno (SP)

Cinema

Circulação Cinema Brasileiro: alternativas para distribuição

Ancine / Manoel Rangel, Mário Diamante (SP), Claudino de Jesus – Presidente do Conselho Nacional de Cineclubes (CNC), Rita Cajaíba ABCV (BA)

Música

Música e Ritual

Lucas Rehen Antropólogo e Músico da Banda Ponto de Equilíbrio (RJ), Xavier Vatin – Diretor do Centro de Artes, Humanidade e Letras UFRB (BA), João José – Professor da Escola de Música e Belas Artes do Paraná.

Ciência e Tecnologia

Josué de Castro

Silvio Tendler (RJ), Anna Maria de Castro (RJ), Patrus Anananias (DF), Luciano Rezende (MG)

A partir das 17h00

Mostras Convidadas

Artes visuais

Mostra Cildo Meireles – será composta por obras originais do artistas, vídeos e reproduções em imagens dos trabalhos mais significativos. Compondo a Mostra, jovens artistas, na maioria que acompanharam a trajetória do CUCA nestes 8 anos e que sofrem influência direta do artista, matarão uma exposição de objetos, instalações e novas experiências

Artes Cênicas

Nego Fugido (homenageados) manifestação popular do interior da Bahia, com bases no imaginário afro brasileiro.

Audio tur – grupo Bio Neural – teatro experimental de rua, o grupo promove uma imersão na cidade, pode-se saber mais no blog da Bienal, onde tem uma matéria sobre o grupo - (Argentina) (Trienal)

Literatura

Café literário é o espaço da mostra, o homenageado é Machado de Assis, além disso, entre 17h e 22h acontecem saraus, lançamentos de livros e mostra de vídeos

Cinema

Homenagem a Nelson Pereira dos Santos, exibição do Filme “Como era gostoso meu francês” TCA 20h do dia 21/01

Música

Shows no Terreiro de Jesus, a partir das 20h00

Ciência e Tecnologia

Homenagem a Josué de Castro, exibição do filme “Josué de Castro, cidadão do mundo” de Silvio Tendler, com participação do diretor e da filha do geógrafo

Espaço Cuca

17h – Passeio Público

PC APAE BA/CIA DE DANÇA OPAXORÔ/”ORQUESTRA DE ATABAQUES (Bahia)

PC GRÃOS DE LUZ E GRIÔ/SHOW FAMÍLIA GRÃOS DE LUZ E GRIÔ

PC PRACATUM/ CORDEL VIRA MUNDO (Teatro Vila Velha)

22 de Janeiro – Quinta-feira

09h00 às 12h00

Oficinas e mini-cursos

3º Diálogos da Juventude – local a definir (Juremar e Bia Costa)

14h00 às 16h00

Debates Simultâneos

Debates gerais

1) Leis de anistia no Brasil e AL- A questão da Tortura e a abertura dos arquivos das Ditaduras

Baltazar Garsón (juiz); Tarso Genro (Min. Justiça); Paulo Vanuchi (Secr. Direitos Humanos); Cezar Britto (Pres. OAB); FUA (Argentina)

2) Democratização dos meios de comunicação

Mino Carta (Carta Capital); Paulo Henrique Amorim (Band, ex-IG); Franklin Martins (Secom); Raimundo Pereira (Retrato do Brasil); Luiz Nassif (Blog do Nassif); Altamiro Borges (Vermelho); Intervozes; MST

3) Caravana da UNE saúde, educação e cultura

MS Temporão; CEBS; Jairnilson Paim ou Carmen Teixeira ou Leny Prates (UFBa); Dalat;

4) Reformar a Universidade, para um projeto de integração latino americana

José Renato carvalho (IESALC/)UNESCO, Dr. Gustavo Garcia de Paredes (UDUAL), AUGM, M. Sc. Efraín Medin (CSUCA), UNE, reitor Amaro Pessoa Lins (ANDIFES), reitor Hélgio Trindade (UNILA)

5) Ações, Projetos e Programas de Ações Afirmativas

Secr. Esp. De Políticas de Mulheres (SEPM); Dra. Maria Inês (UNIFEM); Helena Oliveira (UNICEF); MEC; Giovanni Harvey

Artes visuais

Tempo: Memória individual e social

José Rufino (PB), Virginia Medeiros (BA),

Artes Cênicas

O que é artes cênicas – mapeamento da produção brasileira/latino-americana

Luciene Borges, Maurício Dantas, Clara Trigo

Literatura

Literatura Latino Americana: semelhanças, diferenças e a influência do contexto (todos a confirmar)

João Ubaldo Ribeiro (Brasil), Pedro Juan Gutiérrez (Cuba) e Eduardo Galeano (Uruguai) / Mediador: Antonio Risério

Cinema

O Cinema Brasileiro e o cinema latino-americano

Nelson Pereira dos Santos (RJ), Silvio Tendler ( RJ), Erik Rocha (RJ)

Música

Semba, Samba e as Vertentes Originadas

Juliana Ribeiro – Cantora e Pesquisadora, Riachão – Cantor da Velha Guarda do Samba (BA), Martinho da Vila

Ciência e Tecnologia

Ciência e Universidade

Ildeu de Castro (RJ), Lucia Stumpf (SP), Hugo Valadares (SP), Naomar Monteiro (BA)

A partir das 17h00

Mostras Convidadas

Artes Cênicas

Audio tur – grupo Bio Neural – teatro experimental de rua, o grupo promove uma imersão na cidade, pode-se saber mais no blog da Bienal, onde tem uma matéria sobre o grupo - (Argentina) (Trienal)

Cinema

Lançamento da caixa dos filmes de Glauber Rocha, exibição do filme “Pachamama” de Eric Rocha TCA 20h

Espaço Cuca

17h - Passeio Público

SAMBA DE MUSSUCA – PAREIA

PC CASA DO SAMBA DO RECÔNCAVO/SAMBADEIRAS E SAMBADEIROS DO RECÔNCAVO

PC CUCA RJ BANDA PAIDÉGUARÁ

PONTÃO CTO BA (Teatro Vila Velha)

23 de Janeiro – Sexta-feira

09h00 às 12h00

Oficinas e mini-cursos

15h00

Concha Acústica-Conferência no tema

“Raízes do Brasil: sentido e formação do poço brasileiro”

Exposição: Chico Buarque

Diálogo Cantado: Tom Zé e Jorge Mautner

A partir das 17h00

Mostras Convidadas

Artes Cênicas

Companhia do Latão(SP) – A Cartomante (Teatro Castro Alves às 20h)

Cinema

Exibição do filme “Rio 40 graus, de Nelson Pereira dos Santos”, espaço de cinema

Espaço Cuca

17h - Passeio Público

A BANDA/PC MUSEU DO HOMEM DO KARIRI

CLÃ NORDESTINO

NAÇÃO HIP-HOP/BATALHA DE MC's

Dia 14 - o dia seguinte, peça teatral – Bahia (Teatro Vila Velha)

24 de Janeiro – Sábado

Visitas

Ptos Cultura

Manhã Livre

14h00 às 16h00

Debates Simultâneos

Debates Gerais

1) O esporte enquanto elemento de integração entre os povos

Orlando Silva (Min. Esportes); Sócrates; Fabiana Costa (CEMJ); Luis Erlanger / Raphael Vandystadt; Preto Zezé (CUFA); FEUE do Equador

2) O Indígena nas raízes do Brasil e da AL

Sepir; Tabajara Ruas; COIAB

3) A mulher nas raízes do Brasil – sem as mulheres outra América não é possível

Nilcéa Freire (SEPM); Mary Castro; Eline Jonas (UBM); Alessandra Terribili (MMM); AMB

4) Educação e Cultura: meia-entrada e acesso aos bens culturais

UNE

5) Financiamento da Cultura: Mudanças na Lei Rouanet

CUCA

6) O Movimento Social a partir da Cultura / Formação de Redes Culturais

Célio Turino (MinC); Ivana Bentes (UFRJ); Rede de Cultura da Bahia; representante da CMS; Tetê Catalão

7) Políticas de Promoção da Igualdade Racial: um movimento globalizado

Edson Santos (SEPIR); Olívia Santana (UNEGRO); Fund. Cultural Palmares; OEA; Valter Altino (Atitude Kilombola)

Artes visuais

Fronteiras

Diana Domingues (RS), Pasqualino Romano Magnavita (BA), Ayrson Heráclito (BA)

Artes Cênicas

O uso dos espaços abertos e da dramaturgia épica nas artes cênicas populares

Rafael V. Boas MST ( )

Literatura

Escritores jovens, estreantes e a dificuldade de publicação

André Czarnobai (RS), Patrick Brock (BA) e Wladimir Casé (RJ)

Cinema

Leis e editais: conhecendo políticas públicas

Solange Lima, presidente da ABD (Associação Brasileira de Documentaristas e Curta-metragistas) (BA), Silvio Da-Rin, secretário do audiovisual ( ), Daniel Lisboa, cineasta pela produtora Cavalo do Cão.(BA)

Música

Música Popular na Universidade

Armandinho (BA), Rowney Scott (BA), Ricardo Bordini UFBA, Mart'nália ou Arlindo Cruz (RJ)

Ciência e Tecnologia

Propriedade Intelectual

Antonio Cabral (RJ), Marco Raupp (SP)

A partir das 17h00

Reunião Representativa da OCLAE

Mostras Convidadas

Cinema

Exibição do filme "Pachamana", de Glauber Rocha

Além de outros curtas, confirmado “Cães”de Adler Paz e Moacir Gramacho prêmios de melhor ator, fotografia e premio da crítica no último festival de Brasília

Espaço Cuca

17h - Passeio Público

PC CASA DE TAINÃ/TAMBORES DE AÇO DA TAINÃ

PC MARACATU ESTRELA DE OURO

JORGE MAUTNER E NELSON JACOBINA

PC FUNDAÇÃO PIERRE VERGER/”SAMBAS DE ENGENHO” (Teatro Vila Vilha)

PC CRIA POESIA (sarau poético sem dia previsto, no Café Literário)

MOSTRA OLHO NO PONTO DE CURTAS DE PONTOS DE CULTURA (todos os dias no Café literário, com votação de júri popular para os melhores vídeos, os mais votados farão parte de uma coletânia.

Mostra permanente de intervenções urbanas

Pia todo dia – Programa de Interferência Ambiental – CUCA UNE

EIA - SP

POLÍTICA DO IMPOSSÍVEL - SP

PANAMBY - MT

VIVARTE – AC

A CASA - MG

COLETIVO CAMARADAS - CE

PORO - MG

DIMENSSÕES – AP

JOÃO RAMOS – BA

FERNANDO G LOPES – BA

TUTI MINERVINO – BA

LAIS SOLILOQUIO - BA

Espaço Circo – todos os dias

Manhãs

Oficina Palhaço (pela mostra de artes cênicas)

Tardes

Oficinas (emerson) – Malabares, trapézio corda etc.

Noites

01 - Mostra de circo palhaço Xuxu (grupos da Bahia) (PB)
02 - Noite de Gala (Emerson) (RJ)
03 - Mostra Estudantil

25 de Janeiro – Domingo

10h00

Ato político da 1ª Trienal da OCLAE

CULTURATA – Caminhada cultural

14h00/14h40

Final da Bienal

Grupo Teatral “Tá na Rua” – Praça Castro Alves – lugar e grupo ruins

Espaços Permanentes da Trienal da OCLAE

- Mostra de Homenagem a Darcy Ribeiro (em parceria com a Fundação Darcy Ribeiro e Universidade da República Uruguai)

- Mostra de artes visuais em homenagem aos 50 anos da Revolução Cubana.

- Exposição das instituições, ex: UNESCO, UNILA, AUGM e etc.

- Espaço Latino americano, para as entidades estudantis internacionais.

Mostra de Dança do Equador

Documentário da Colômbia

Documentários da Nicarágua

Mini curso de Cine jornal com ICAIC – Cuba

*Mobilizar as demais mostras latino americanas

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Ato de repúdio à ofensiva israelense na Faixa de Gaza  

A União da Juventude Socialista do Ceará, convida todos a participar de uma roda de conversas no Sindicato dos Comerciário (Av Tristão Gonçalves, 815, Centro) na próxima quarta-feira (07/01), às 17h.

O tema a ser tratado é a ofensiva brutal do estado terrorista de Israel sobre o povo palestino na Faixa de Gaza. O assassinato de centenas de civis, entre eles idosos, mulheres e crianças, ocasionado pelo bombardeio indiscriminado do exército israelense, que não respeita hospitais, nem escolas, em sua tentativa de eliminar os líderes heróicos da justa luta pela independência e soberania do povo palestino, oprimidos em suas terras, mas nunca subjugados diante dos capachos dos EUA no Oriente Médio. A idéia é realizar um ato público, em conjunto com diversas forças políticas, entidades e movimentos organizados, em repúdio aos ataques terroristas do estado de Israel e em solidariedade ao povo palestino. Contamos com a sua presença.

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Apontamentos sobre Trotsky - o mito e a realidade  

Transcorridas quase duas décadas sobre a desagregação da União Soviética, pouco se escreve e fala sobre Gorbatchov. A grande mídia internacional quase esqueceu o político e o homem que guindaram a herói da humanidade quando contribuía decisivamente, através da Perestroika, para a reimplantação do capitalismo na Rússia.

Paradoxalmente, Trotsky continua a ser um tema que fascina muitos intelectuais da burguesia, alguns progressistas, e dezenas de organizações trotskistas na Europa e sobretudo na América Latina.

Sobre o homem e a obra não foram nas últimas décadas publicados livros importantes que acrescentem algo de significante aos produzidos pelos seus biógrafos, nomeadamente a trilogia do Historiador polaco Isaac Deutscher.

Nem um só dos partidos e movimentos trotskistas conseguiu afirmar-se como força politica com influência real no rumo de qualquer país.

Porquê então a tenaz sobrevivência, não direi do trotskismo, mas do nome e de algumas teses do seu criador no debate de ideias contemporâneo? Isso não obstante ser hoje pouco frequente a reedição dos seus livros.

A contradição encaminha para uma conclusão: uma percentagem ponderável dos modernos trotskistas desconhece a obra teórica e a trajectória politica de Trotsky.

Cabe chamar a atenção para o facto de a maioria dos intelectuais burgueses das grandes universidades do Ocidente que assumem a defesa e a apologia da intervenção de Trotsky na História serem anticomunistas. O seu objectivo precípuo é combater a URSS e o que a herança da Revolução de Outubro significa para a humanidade. Trotsky e Stáline são utilizados por esse tipo de "sovietólogos" como instrumentos na tarefa de combater e desacreditar o comunismo.

Nos movimentos trotskistas confluem jovens com motivações e comportamentos sociais muito diferentes. À maioria ajusta-se a definição que Lenine deu a certos esquerdistas: "pequeno burgueses enraivecidos". Frustrados, expressam a sua recusa do capitalismo na adesão a projectos radicais de transformação rápida da história.

Quase todos, - como aconteceu aos líderes do Maio de 68 parisiense - voltam a integrar-se no sistema após uma breve militância pseudo-revolucionária.

A mitificação de Trotsky

As campanhas anti-Trotsky promovidas pelos partidos comunistas na época de Stáline produziram globalmente um efeito contrário ao visado. Facilitaram o aparecimento em muitos países de organizações trotskistas e criaram condições favoráveis à mitificação de Trotsky.

Intelectuais burgueses e exilados russos, muitos deles ex-comunistas, deram uma importante contribuição para criar e difundir a imagem de um Trotsky imaginário. Os grandes diários do Ocidente, do The New York Times ao Guardian, abriram as suas colunas a essas iniciativas. Compreenderam que a transformação de Trotsky no herói revolucionário puro, vítima da engrenagem trituradora de um sistema monstruoso, daria maior credibilidade às campanhas contra a União Soviética.

A glorificação de Trotsky é um fenómeno tão lamentável, por falsificar a História, como a diabolização da União Soviética, inseparável da visão da época de Stáline como um tempo de horrores.

Cabe aos epígonos de Stáline - repito - uma grande responsabilidade pelo êxito no Ocidente da tentativa de utilizar a vitimização de Trotsky como arma do anticomunismo.

A historiografia soviética não se limitou a negar a Trotsky um papel minimamente importante na preparação da Revolução de Outubro e na sua defesa. Nos Processos de Moscovo Trotsky é acusado em alguns depoimentos de agente de Hitler que teria levado a sua traição ao ponto de preparar com o III Reich nazi o desmembramento da jovem república soviética.

Esse tipo de calúnias é tão absurdo, como expressão de um ódio irracional, como o esforço realizado por escritores anticomunistas e alguns governos para criminalizarem o comunismo como sistema comparável ao fascismo. A falsificação das estatísticas foi levada tão longe que alguns autores acusam Stáline de ter exterminado ou enviado para campos siberianos mais de cem milhões de pessoas [1] . A atribuição do Nobel de Literatura a um escritor reaccionário tresloucado como Solzenitzyn (que se orgulhava de odiar a Revolução Francesa) traduziu bem a necessidade que a burguesia sentia no Ocidente de satanizar a União Soviética, negando a herança progressista e humanista da Revolução de Outubro.

É nesse contexto que se insere o reverso da medalha, isto é a reinvenção de Trotsky.

Duas obras do próprio Trotsky e a trilogia de Deutscher - o Profeta Armado, o Profeta Desarmado e o Profeta Banido - funcionaram também como estímulos na fabricação do mito [2] .

Trotsky, em "A Minha Vida" [3] , a sua autobiografia, não atribui grande significado às divergências entre ele e Lenine durante os anos que precederam a Revolução de Fevereiro de 17. E na sua "História da Revolução Russa" [4] valoriza muito as convergências desde o início da Revolução de Outubro e são escassas as referencias a questões fundamentais em que assumiram posições diferentes, por vezes antagónicas. Somente nos ensaios editados sob o título de "A Revolução Permanente" [5] , ao responder a criticas de Karl Radek e Stáline, reconhece que Lenine o criticou por divergirem no tocante ao papel dos sindicatos e ao Gosplan, mas subestima a importância dessas discordâncias. Simultaneamente, ao identificar em Lenine o grande líder da Revolução e expressar profunda admiração pelo ideólogo, o estratego e o estadista, encaminha, com habilidade, o leitor para a conclusão de que, no tocante aos problemas fundamentais da construção de uma sociedade socialista na Rússia revolucionária, existiu entre ambos nos últimos anos da vida de Lenine uma confiança mútua e uma grande harmonia no trabalho.

Tal conclusão deforma a História.

Deutscher, que se assume como um admirador entusiástico de Trotsky e confessa odiar Stáline, projecta uma imagem distorcida do biografado. Não esconde as divergências dele com Lenine, mas, procurando ser objectivo no relato dos factos, esforça-se por persuadir os leitores de que, nos últimos meses da sua vida, pressentindo a proximidade da morte, Lenine via em Trotsky o membro do Politburo mais indicado para lhe suceder na chefia do Estado Soviético.

A conclusão carece de fundamento, é puramente subjectiva.

O próprio Deutscher sublinha que a velha guarda bolchevique, embora reconhecendo o talento de Trotsky como estadista, nunca viu nele um homem do Partido. O seu passado, como menchevique, não fora esquecido. O carácter de Trotsky, a sua vaidade, o estilo autoritário, a sua tendência para a crítica demolidora quando discordava de companheiros de luta inspiravam desconfiança e até rancor.

É significativo que logo após a morte de Lenine, Olminski, muito ligado a Stáline, tenha proposto a publicação de uma carta datada de 1912, encontrada nos arquivos da Policia Czarista, na qual Trotsky, dirigindo-se a Tchkeidzé, um destacado contra-revolucionário, descrevia Lenine como "um intrigante" um "desorganizador" e um "explorador do atraso russo". [6]

A sugestão não foi então atendida, mas na campanha contra Trotsky a recordação do seu passado anti-bolchevique tornou-se permanente e desempenhou um papel importante.

A carta de Lenine ao Congresso

Na fase final da sua doença, Lenine aproximou-se de Trotsky, mas não por ter reformulado a opinião que formara sobre ele. Quando Stáline na primavera de 1922 foi eleito secretário-geral do jovem Partido Comunista da União Soviética, Lenine, para lhe contrabalançar a influência, propôs a nomeação de quatro vice-presidentes para o Conselho dos Comissários do Povo, ou seja o governo. Trotsky foi um deles, Rikov, Tsurupa e Kamenev os outros.

Trotsky recusou. A simples ideia de partilhar o cargo de vice de Lenine com três camaradas - dois dos quais já o exerciam - feriu o seu desmesurado orgulho. Lenine sentiu decepção, mas por duas vezes insistiu sem êxito. Quando ele recusou novamente, Stáline levou o Politburo a aprovar, em Setembro de 22, uma resolução censurando Trotsky por indiferença perante o cumprimento do dever.

Lenine, defensor tenaz do papel dirigente do PCUS, era partidário de uma separação de tarefas entre o Partido e o Estado para evitar problemas graves que principiavam a esboçar-se.

Inválido, sentindo a proximidade da morte, ditou entre 23 e 31 de Dezembro de 1922 uma Carta ao XIII Congresso do Partido Comunista. Nessa importante mensagem transmitiu opiniões que iriam suscitar muita polémica, ao esboçar o perfil dos cinco camaradas que, com ele integravam o Politburo: Zinoviev, Kamenev, Stáline, Bukharine e Tomski (Kalinine e Piatakov eram suplentes e Molotov assessor).

Esse explosivo documento foi lido aos delegados ao Congresso, realizado em Maio de 1924, pela companheira de Lenine, Krupskaya, quatro meses após a sua morte.

Mas, por iniciativa de Stáline aprovada pelo Politburo, a Carta não foi publicada. O povo soviético somente tomou conhecimento do seu conteúdo após o XX Congresso.

Stáline e Lénine em 1919.Lenine expressava muita preocupação pelo tenso relacionamento entre Stáline e Trotsky por identificar nele um perigo para a estabilidade do partido.

"O camarada Stáline - afirmava - tendo-se tornado secretário-geral, concentrou nas suas mãos um poder imenso, e não estou certo de que saiba sempre utilizar este poder com suficiente prudência. Por outro lado, o camarada Trotsky, como o demonstrou já a sua luta contra o CC a propósito da questão do Comissariado do Povo das Vias de Comunicação, não se distingue apenas pela sua destacada capacidade. Pessoalmente é talvez o homem mais capaz do actual CC, mas peca por excessiva confiança em si próprio e deixa-se arrastar excessivamente pelo aspecto puramente administrativo das coisas". [7]

Numa adenda à carta de 24 de Dezembro, datada de 4 de Janeiro de 1923, Lenine lamenta que Stáline seja demasiado rude e acrescenta: "este defeito, plenamente tolerável no nosso meio e nas relações entre nós, comunistas, torna-se intolerável no cargo de secretário-geral. Por isso proponho aos camaradas que pensem na forma de transferir deste lugar e de nomear para este lugar outro homem que em todos os outros aspectos se diferencie do camarada Stáline apenas por uma vantagem, a saber: que seja mais tolerante, mais leal, mais cortês e mais atento para com os camaradas, menos caprichoso, etc."

Mas não sugeriu qualquer nome para a substituição de Stáline.

Quando Trotsky conversou com ele pela última vez, Lenine, cuja doença evoluiu rapidamente para o desfecho que todos temiam, pediu-lhe que colaborasse numa acção conjunta contra a burocratização do Partido e do Estado e de condenação da política repressiva que Stáline e Ordjonikidze tinham executado na Geórgia.

Mas são do domínio da fantasia as afirmações que atribuem a Lenine o desejo de ver Trotsky à frente do Partido ou do Estado.

Tal ideia - contra o que sugere Deutscher - nunca lhe terá aflorado o pensamento.

Via nele o mais dotado intelectualmente dos líderes do Partido, mas incapaz de controlar "uma autoconfiança excessiva".

O Choque humano e ideológico

Durante muitos anos, desde o início do século até à Revolução de Fevereiro, Lenine criticou Trotsky com dureza e este retribuiu sempre.

Lenine, admirando o seu talento, identificava nele um oportunista e um conciliador. A sua relação com os mencheviques, partido a que pertenceu, inspirava-lhe profunda desconfiança. Não lhe apreciava o carácter, marcado por uma impulsividade e uma arrogância que o levavam a assumir posições imprevisíveis e com frequência contraditórias em bruscas reviravoltas.

A troca de acusações exprimiu-se em determinados períodos por uma veemência verbal pouco comum.

Após a expulsão de Trotsky do Partido, essas opiniões de Lenine, emitidas em reuniões do Partido Bolchevique, em documentos, e cartas pessoais, foram tornadas publicas na URSS e amplamente divulgadas em países estrangeiros.

Trotsky, como já recordei, tenta nos livros publicados no exílio ocultar ou desvalorizar o significado das suas divergências com Lenine, pondo toda a ênfase na colaboração entre ambos a partir da Revolução de Fevereiro de 1917.

Os seus biógrafos afirmam que após a Conferência de Zimmerwald, que condenou a guerra imperialista, as suas posições quase coincidiram com as assumidas pela fracção bolchevique do Partido Operário Social-Democrata da Rússia-POSDR. Não é essa a opinião de Lenine. Numa carta a Boris Souvarine, datada de Dezembro de 1916, Lenine lembra que Trotsky acusara os bolcheviques de "divisionistas". "Em Zimmerwald - sublinha - recusou incorporar-se na esquerda local e juntamente com a camarada Roland Horst (uma holandesa) representou o "centro" [8]

Trotsky, vindo do Canadá, regressou à Rússia antes de Lenine. Numa carta à sua intima amiga Ines Armand, datada de 19 de Fevereiro de 1917, Vladimir Ilitch incluiu o seguinte desabafo: "Chegou Trotsky e este canalha entendeu-se imediatamente com a ala direita do "Novi Mir" contra os zimmerwaldistas de esquerda. Tal como lhe digo! Assim é Trotsky! Sempre fiel a si mesmo, revolve-se, trafulha, finge de esquerdista e ajuda a direita quando pode." [9]

Escritores trotskistas como Alfred Rosmer e Rosenthal omitem que meses depois da sua adesão ao Partido Bolchevique, quando já exercia funções de grande responsabilidade, como dirigente, Trotsky divergiu de Lenine em questões de grande importância em momentos cruciais.

A participação de Trotsky em Brest Litowski continua a ser tema polémico. Então Comissário do Povo para as Relações Exteriores, chefiou a delegação russa nas negociações de paz com os alemães.

Sobre o tema, dirigindo-se ao VII Congresso Extraordinário do Partido Bolchevique da Rússia, Lenine declarou:

"Devo referir-me agora à posição do camarada Trotsky. Na sua actuação devemos distinguir duas fases: quando iniciou as negociações de Brest, utilizando-as excelentemente para a agitação, todos estivemos de acordo com ele. Trotsky citou parte de uma conversa comigo, mas devo acrescentar que concordamos manter-nos firmes até ao ultimato dos alemães, mas cederíamos após ele. Os alemães intrujaram-nos porque de sete dias roubaram-nos cinco. A táctica de Trotsky foi correcta enquanto se destinou a ganhar tempo; tornou-se equívoca quando se declarou o fim do estado de guerra, mas não se assinou a paz. Eu tinha proposto com toda a clareza que se assinasse a paz de Brest". [10]

A transcrição (parte de uma intervenção extensa) é esclarecedora porque a posição assumida por Trotsky ("nem paz nem guerra"), ignorando as instruções de Lenine, levou os alemães a romper a trégua e desencadear uma ofensiva de consequências desastrosas, ocupando enormes extensões do país. Quando o Tratado de Paz foi finalmente assinado, as condições impostas foram muito mais severas do que as inicialmente apresentadas pelo Império Alemão.

Lenine criticou então duramente Trotsky. Mas não era rancoroso.

Transferiu-o do Comissariado das Relações Exteriores para o das Questões Militares. Conhecia as qualidades de organizador de Trotsky e este na sua nova tarefa teve um papel fundamental na organização do Exército Vermelho, na condução vitoriosa da Guerra Civil e na derrota da intervenção militar das potências da Entente.

Mas logo em 1920, Trotsky e Lenine divergiram profundamente durante o debate sobre os Sindicatos e a sua função na Rússia soviética, e no tocante ao monopólio do Comércio.

Trotsky publicara um folheto intitulado "O papel e as tarefas dos sindicatos". Lenine submeteu as teses por ele defendidas e a posição que sobre o assunto assumira no Comité Central a uma critica duríssima [9] . Manifestou espanto perante "quantidade de erros teóricos e de evidentes inexactidões", estranhando que no âmbito de uma discussão tão importante no partido Trotsky tivesse produzido "algo tão lamentável em vez de uma exposição cuidadosamente meditada". Nessa critica alertou para divergências de fundo de ambos quanto aos "métodos de abordar as massas, de ganhar as massas, de nos vincularmos às massas".

Concluindo, Lenine, que criticou simultaneamente, com idêntica veemência as posições assumidas por Bukharine, afirmou: "As teses do camarada Trotsky são politicamente prejudiciais. A base da sua politica é a pressão burocrática sobre os sindicatos. Estou certo de que o Congresso do nosso Partido a condenará e repudiará" [11] .

Assim aconteceu.

Julgo útil chamar a atenção para o facto de que Lenine manteve a sua confiança em Trotsky como principal responsável pelas operações em que o Exército Vermelho estava então envolvido em múltiplas frentes.

A contradição aparente facilita a compreensão do carácter profundamente democrático da ditadura do proletariado na Rússia soviética nos anos posteriores à Revolução de Outubro.

As Revoluções Russas, a partir de 1905, forjaram gerações de revolucionários profissionais com um talento, uma criatividade, uma coragem e uma tenacidade que assombraram os Historiadores. Dificilmente se encontra um precedente para essas gerações que, aliás, tiveram continuidade na que se bateu contra o Reich nazi e o destruiu, salvando a humanidade de uma tragédia.

O estabelecimento de consensos na época revolucionária foi sempre difícil. Sem o imenso prestigio e o génio de Lenine - é a palavra adequada para o definir - eles não teriam sido possíveis, como ficou transparente nas jornadas de Brest Litowski.

Deutscher, um trotskista assumido, recorda que a estabilidade no Politburo e no CC nascia da "autoridade incontestável de Lenine e da sua capacidade de persuasão e habilidade táctica que, em geral, lhe permitiam conseguir a maioria de votos para as propostas que apresentava à medida que surgiam os problemas". [12]

Tinha o dom raríssimo, quando transmitia um projecto polémico a camaradas, de os levar a admitir que haviam sido eles e não ele, Lenine, que o haviam concebido.

Nos cinco anos gloriosos posteriores à vitória da Revolução, Lenine foi colocado algumas vezes em minoria, perdendo na discussão de questões importantes. Submeteu-se nessas ocasiões à maioria. Assim funcionava então o centralismo democrático. Mas quase sempre os seus camaradas acabavam por reconhecer que ele estava certo.

Chamo a atenção para a importância da excepcionalidade de Lenine porque ela lhe permitiu uma colaboração harmoniosa com um feixe de revolucionários tão heterogéneo como o da sua época. Ele conseguiu que formassem uma equipa - não os poupando a severas criticas quando necessário - dirigentes como Stáline, Trotsky, Bukharine, Kamenev, Zinoviev, Preobrazhensky, Alexandra Kolontai, Dzerzhinski, Rikov, Piatakov, Tomski, Sverdlov, Lunacharski, Molotov, Kalinine, Vorochilov, Budiony, Kirov, Rakovski, Rabkrin, etc.

Essa unidade na acção e no pensamento, mesmo entre os membros da velha guarda bolchevique, desapareceu quando Lenine morreu. Sem ele, era impossível.

---///---

Não se pode escrever algo sobre Trotsky sem citar Stáline. Incluo-me entre os comunistas, poucos, que recusam simultaneamente a glorificação ou a satanizarão de ambos.

A burguesia persiste em projectar de Stáline somente a imagem negativa, porque ao apresentá-lo como um ditador satânico facilita a criminalização da União Soviética e do comunismo como ideologia monstruosa.

Terei sido dos primeiros comunistas portugueses a criticar o dogmatismo subjectivista de Stáline num livro apreendido pela ditadura brasileira em 1968 [13].

Mas a minha discordância da sua postura perante o marxismo e a condenação dos seus métodos e crimes não me impedem de reconhecer que Stáline foi um revolucionário cuja contribuição para a transição do capitalismo para o socialismo na União Soviética foi decisiva. Sem a sua acção à frente do Partido e do Estado, a URSS não teria sobrevivido à agressão bárbara do Reich nazi, sem ela a pátria de Lenine não se teria transformado em poucas décadas na segunda potencia mundial, impulsionando um internacionalismo que apressou a descolonização, incentivou e defendeu revoluções no Terceiro Mundo e estimulou poderosamente a luta dos trabalhadores nos países desenvolvidos do Ocidente.

No lado oposto do quadrante, recuso também a mitificação de Trotsky.

A sua transformação em herói revolucionário, tal como a sua satanizarão como contra-revolucionário, deformam a História.

São caluniosas as acusações (nomeadamente nos Processos de Moscovo) que o apresentam como cúmplice dos projectos de Hitler para destruição da URSS.

Dotado de um talento incomum, brilhante escritor e polemista, distinguiu-se desde a juventude por uma oratória que empolgava as massas e o levou aos 25 anos à presidência do Soviete de Petrogrado durante a Revolução de 1905.

A sua adesão ao Partido Bolchevique, pouco antes da Revolução de Outubro, assinalou o início de uma viragem na sua trajectória politica e humana. Foi com o pleno apoio de Lenine que nas jornadas que precederam a insurreição de Outubro voltou a presidir ao Soviete de Petrogrado e posteriormente cumpriu tarefas da maior responsabilidade como Comissário para as Relações Exteriores e Comissário para as Questões Militares, missão que na prática fez dele o chefe do Exército Vermelho.

Mas a tentativa dos seus epígonos e de Historiadores burgueses de o guindar a "companheiro de Lenine", colocando-o ao nível do líder da Revolução, falseia grosseiramente a História.

Trotsky não foi nem o revolucionário puro que os trotskistas veneram como herói da humanidade, nem o traidor fabricado por Stáline.

Mas com o rodar dos anos o mito nascido da sua vitimização tomou forma, resistiu e sobrevive.

Enquanto Gorbatchov, que abriu caminho como secretário-geral do PCUS à destruição da URRS, tende - repito - a ser esquecido, o mito Trotsky permanece. Poucos lêem hoje os livros em que condensou o seu pensamento e escreve sobre a sua participação na História. Mas a atitude dos milhares de pessoas que anualmente visitam a casa de Coyoacan, na capital do México, onde viveu e foi assassinado, ilumina bem o enraizamento desse mito.

Não é fácil compreender o fenómeno, porque o trotskismo, como ideologia e instrumento de acção revolucionária, fracassou, não correspondendo minimamente às aspirações do seu criador. [14]

Admito que Trotsky não se reveria em qualquer das dezenas de partidos trotskistas que hoje em muitos países o tomam por inspirador e guia.

Serpa e Vila Nova de Gaia, Novembro de 2008

NOTAS:

1. Jean Salem, Lenine e a Revoluçao, Ed. Avante, Lisboa, 2007
2. Isaac Deutscher, Trotsky, Ed. Civlizaçao Brasileira,1968, São Paulo.
3. Leon Trotsky, Histoire de la Revolution Russe, Ed Seuil, Paris, 1950.
4. Leon Trotsky, My Life, Ed. Penguin, London, 1988
5. Leon Trotsky, La Revolución Permanente, Ed Yunque, 2ª edición, Buenos Aires, 1977
6. Isaac Deutscher, O Profeta Desarmado, Obra citada, pág 44
7. Existem traduções em diferentes línguas da Carta de Lenine ao XIII Congresso do PCUS. As diferenças entre os textos que conheço são formais, mínimas. Utilizei nas citações feitas, a tradução de Edições Avante, 1979.
8. V.I.Lenine, Textos extraídos das Obras Completas de Lenine, Ed. Estampa, Lisboa 1977, pág 260
9. Obra citada, pág 269
10. Obra citada, pág 270/271
11. Obra citada, pág 300
12. Isaac Deutscher, Obra citada, pág 88
13. Miguel Urbano Rodrigues, Opções da Revolução na América Latina, Ed. Paz e Terra, Rio de Janeiro, 1968
14. Ver Leon Trotsky, Revolução e Contra-revolução, Ed. Laemmert, Rio de Janeiro, 1968.
Neste livro, que enfeixa ensaios redigidos em 1930 e1931, em Prinkipo, na Turquia, onde estava exilado, Trotsky, numa atitude de esquerdismo profético, identifica na crise iniciada em 1929 o prólogo de uma era de revoluções cujo desfecho seria o socialismo.
Transcrevo dessa obra algumas passagens expressivas de uma teimosa fidelidade à sua concepção da "revolução permanente":
a) "É muito provável que o desenvolvimento progressivo da revolução espanhola dure por um período de tempo mais ou menos longo. E, por aí, o processo histórico abre, de algum modo, um novo crédito ao comunismo espanhol". (pág.20)
b) "A situação na Inglaterra pode também não, e não sem justas razões, ser considerada como pré-revolucionária, se se admitir com rigor, que entre uma situação pré-revolucionária e uma situação imediatamente revolucionária pode mediar um prazo de vários anos, período em que se produzirão fluxos e refluxos". (pág 20)
c) "É inevitável e relativamente próxima uma mudança na consciência revolucionária do proletariado americano, a qual já não será mais "um fogo de palha" que se apaga facilmente, mas o inicio de um verdadeiro e grande incêndio revolucionário. (pág 24)
d) A aventura iniciada pelo czar na Manchúria provocou a guerra russo-japonesa; a guerra provocou a Revolução de 1905. A aventura japonesa actual na Manchúria pode acarretar uma revolução no Japão. (pág 24)
A evolução da História nesses quatro países desmentiu quase imediatamente as previsões de Trotsky.

Por Miguel Urbano Rodrigues

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Potengi realiza Dia de Reis no Sassaré  

Mestre Luiz, líder e brincante do Reisado do Sassaré de Potengi realiza o tradicional Dia de Reis. O Reisado do Sassaré vem resistindo há mais de 60 anos e é um raros grupos de brincantes que fazem uso de máscaras, o reisado de caretas, como também é conhecido na tradição.

O grupo já participou também de apresentações da banda Ferreros que é uma mistura de baião, hip hop, regional e rock e uma das inovações musicais do Cariri. Esse ano o Mestre Luiz ganha o apoio do departamento de Cultura da Prefeitura, através do atual Secretário de Esporte, Cultura e Juventude do Município, Jefferson Luiz “Bob”, o qual tem forte ligação com o reisado do Sassaré, por ser integrante da Banda ferreros e amigo pessoal do Mestre.

Conforme Jefferson Luiz a intenção é fortalecer a atuação do reisado em Potengi enquanto expressão de resistência da cultura popular da terra dos ferreiros.

O Dia de Reis (dia 06 de janeiro) será comemorado no terreiro Capela do Sítio Sassaré, a partir das 17 horas.

Fonte: Blog Coletivo Camaradas

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"Férias no Ceará – Um Festival de Alegria", será?  

A Secretaria de Turismo do Ceará divulgou recentemente a programação da segunda edição do "Férias no Ceará – Um Festival de Alegria". São vários shows gratuitos a serem realizados entre os dias 8 de janeiro e 1° de fevereiro, em sete municípios do estado (confira a programação completa no final da matéria).

Os grandes sítios de notícia da província saudaram com entusiasmo a iniciativa e eu já devo ter recebido uns dez correios eletrônicos de amigos divulgando a série de eventos. Não há dúvidas, são todas grandes bandas do Pop Rock nacional (algumas de alto nível) e a oportunidade de assistí-las de graça gera um frisson compreensível. Entretanto, sem nenhum laivo de bairrismo, causa espécie não encontrar uma banda cearense sequer no rol dos artistas que irão se apresentar no nosso verão. Nem mesmo as tradicionais bandas de forró eletrônico que tristemente representam musicalmente o Ceará para o Brasil.

Depois de já fechada a programação, a SETUR incluiu posteriormente duas apresentações do pianista Arthur Moreira Lima, talvez na tentativa de amenizar o cenário monotemático do projeto. Foi em vão, essa inclusão tardia deixou ainda mais gritante a mensagem transmitida nas entrelinhas da escolha dos artistas.

Esse festival será, com certeza uma grande alegria para milhares de turistas e jovens cearenses, mas será mais uma fonte de amarguras para os artistas do estado, especialmente os verdadeiros representantes da cultura local, que morrem à míngua, sem poder competir contra o jabá mainstream e a manipulação midiática da grande indústria de enlatados musicais.

Programação:

08/01- FORTALEZA (Parque do Cocó)- Arthur Moreira Lima
09/01- FORTALEZA (Bom Jardim)- Arthur Moreira Lima
09/01- SOBRAL (Margem Esquerda do Rio Acaraú) – Biquíni Cavadão
10/01- FORTALEZA (Parque do Cocó)- Biquíni Cavadão
11/01- CRATO (Lagoa da Refesa) - Biquíni Cavadão
17/01- FORTALEZA (Parque do Cocó) – Titãs
18/01- SOBRAL (Margem Esquerda do Rio Acaraú) – Titãs
19/01- CANOA QUEBRADA (Praça Dragão do Mar) – Titãs
23/01- CAMOCIM (Av. Beira Mar) – Jota Quest
24/01- FORTALEZA (Parque do Cocó) – Jota Quest
25/01- CRATEÚS (a definir) – Jota Quest
30/01- TIANGUÁ (a definir) - Paralamas do Sucesso
31/01- FORTALEZA (Parque do Cocó) - Paralamas do Sucesso
01/02- JUAZEIRO DO NORTE (a definir) - Paralamas do Sucesso

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Jogo de cena esconde o real objetivo do conflito em Gaza  

Ainda não há previsão para o fim da escalada genocida na Faixa de Gaza, iniciada em 27 dezembro e chamada por Israel de “Operação Chumbo Fundido”. Mas qual é mesmo o objetivo da guerra?

Por trás das tão exploradas controvérsias religiosas, do suposto apelo americano pelo fim dos ataques de Israel, e o absurdo silêncio da ONU, uma análise mais detida do conflito pode revelar um complexo jogo geopolítico para garantir à elite israelense a tomada da Palestina e aos EUA o controle do Oriente Médio.

Segundo o chefe dos serviços de emergência do Ministério da Saúde do Hamas em Gaza, os ataques do Exército israelense já mataram pelo menos 500 palestinos, sendo 87 deles crianças, e deixou 2.450 feridos. Hasanein destacou que 22 dos 40 palestinos mortos na invasão terrestre a Gaza, iniciada na noite de sábado (3), eram civis. Entre os mortos deste domingo (4) estão uma mãe palestina e seus quatro filhos, atingidos por bombardeio israelense.

Mesmo diante de tantas mortes, a fome de sangue do Exército israelense não está nem perto de acabar. O chefe dos serviços de emergência relatou que na manhã deste domingo, forças israelenses abriram fogo contra uma zona comercial na Cidade de Gaza, provocando um número ainda não determinado de mortos e feridos.

Ainda neste domingo, palestinos disseram à imprensa que testemunharam a chegada de mais de 80 veículos blindados do Exército, como tanques, sendo estacionados no antigo assentamento judaico de Mitzarin, cerca de três quilômetros ao sul da Cidade de Gaza.

Palestina: 500 mortos; Israel: cinco

O desproporcional poderio bélico de Israel comprova-se pelas notícias divulgadas na mídia da região. Segundo a rede de TV qatariana Al Jazeera, o Hamas disse ter matado cinco soldados israelenses e ferido outros 20 nos combates deste domingo em Gaza. Já o Exército de Israel confirmou, por meio de um porta-voz, a morte de apenas um soldado.

Foi a primeira morte israelense anunciada pelo serviço militar desde o início da operação por terra na Faixa de Gaza. Segundo Israel, outros 32 israelenses ficaram feridos durante a invasão por terra.

O sanguinário presidente de Israel, Shimon Peres, voltou a destilar seu ódio neste domingo ao reafirmar que não haverá interrupção nos ataques a Gaza. ''Queremos acabar com o terrorismo. E o Hamas precisa de uma lição real e séria. E agora eles estão tendo essa lição'', disse Peres ao programa This Week, da ABC News.

Onde Peres diz ‘lição’, pela determinação com que o chefe de Estado tem levado à frente sua guerra cruel, e a despeito dos milhares de protestos pela paz que crescem em todo o mundo, inevitavelmente se compreende ‘extermínio’.

ONU permanece calada

Em sua terceira reunião desde que o conflito se iniciou, e após quatro horas de debates a portas fechadas — e apenas algumas depois da invasão terrestre de Israel a Palestina —, a conclusão da reunião deste sábado do Conselho de Segurança da ONU foi vexatória. De lá não saiu qualquer acordo sobre os termos de uma declaração pedindo o cessar-fogo na Faixa de Gaza.

''Não houve acordo entre os países membros, mas houve concordância quanto à preocupação sobre a escalada da violência e a deterioração da situação, além de um forte consenso quanto a um cessar-fogo imediato, duradouro e respeitado pelas partes”, tentou amenizar Jean-Maurice Ripert, que preside o Conselho.

O presidente geral da Assembléia da ONU, o nicaraguense Miguel D'Escoto, foi mais realista e classificou a incursão israelense como ''uma monstruosidade'', acrescentando, “e, mais uma vez, o mundo assiste consternado a disfuncionalidade do Conselho de Segurança''.

Os EUA foram decisivos para o fracasso da reunião. O país, um dos cinco com poder de veto no grupo e aliado de Israel, vetou a proposta de cessar-fogo sob a alegação de que o Hamas não acataria as medidas. “O direito de defesa de Israel é inegociável”, disse o embaixador americano, Alejandro Wolff.

Diante dos fatos, a justificativa para o início da invasão — proteger o sul israelense dos ataques de foguetes do Hamas — não convence a ninguém. Mesmo assim, com o voto dos Estados Unidos — justamente no Ano Novo, momento de apelo à paz e não de um chamado à guerra —, a ONU preserva o silêncio assustador sobre o genocídio de Israel a Palestina.

A disputa política pela paz

Com Shimon Peres de um lado, e de outro a polêmica tática de resistência do Hamas, os setores mais elitistas de Israel encontram um cenário propício para colocar em prática um antigo plano: o controle político da Palestina.

Para tanto, como tem reiteradamente mostrado o presidente israelense, não serão poupados nem mesmo os mais sórdidos meios para que a Palestina tenha a sua ‘lição’. Doa a quem doer, gostem ou não gostem: o verdadeiro terrorismo de Estado é praticado por Shimon Peres, escrevem colunistas.

Corroborara com o plano de Israel o silêncio garantido pelos EUA do Conselho de Segurança. Ao calar a ONU — além de abrir graves precedentes contra a paz mundial — o governo americano sustenta à guerra de Israel e, em troca, ganha o apoio israelense para controlar a região.

Solidariedade e luta pela paz

A fim de melar o propalado acordo geopolítico, espera-se que o crescente aumento do número de vítimas civis intensifique a pressão internacional sobre Israel para que encerre sua maior operação na Faixa de Gaza em quatro décadas. Há também os significativos riscos políticos que os combates — especialmente se suas forças sofrerem pesadas baixas nos confrontos de rua — trazem para os líderes israelenses nas vésperas da eleição nacional, marcada para 10 de fevereiro.

Como se vê, neste complexo e histórico conflito joga grande papel a solidariedade à Palestina e a mobilização mundial pela paz. Em diversas cidades, de inúmeros países e em todos os continentes, crescem os protestos pela imediata retirada das tropas de Israel e luta pela paz.

Mesmo estando tão distante, a população brasileira já começou a dar a sua contribuição realizando, na última sexta (2), um ousado ato que contou com mais de 300 pessoas. “Me comovi com as notícias da violência que eles estão sofrendo. É a primeira vez que me envolvo em uma manifestação assim”, disse na ocasião a estudante Kátia da Costa, de 17 anos. Kátia não é descendente de árabes e nem é muçulmana. Ela foi até a Avenida Paulista por se identificar com a causa e ficou sabendo do ato por uma comunidade do Orkut.

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- Partidos comunistas e operários lançam apelo por palestinos

Fotos do conflito:


Fonte: Portal Vermelho de Notícias

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50 anos da Revolução Socialista em Cuba  

No dia 1° de janeiro se comemorou o cinquentenário da Revolução Socialista na pequena e heróica ilha caribenha. Em um momento de grande efervescência política e importantes transformações sociais em curso na América Latina, com a vitória de vários governos progressistas nos últimos anos, Cuba permanece como um símbolo na luta contra a exploração do homem pelo homem, contra as profundas injustiças e desigualdades do capitalismo.

O afastamento de Fidel Castro, por motivos de saúde criaram uma grande expectativa no mundo. A experiência socialista cubana se manterá de pé sem o homem que a liderou por mais de 4 décadas? Já percebemos os ianques e reacionários de Miami lançarem seus olhares cobiçosos em direção a Cuba.

Cuba é não apenas um símbolo forte, mas polêmico. Aqui no blog, sempre que o assunto surge, a contenda é certa. Como o argumento empírico parece surtir grande efeito sobre os leitores, resolvi não argumentar eu próprio, mas apresentar um testemunho in loco de quem pôde analisar de perto a situação em que vive o povo cubano. É um texto insento e muito bem escrito, confiram.

Uma Visão sobre Cuba

Maria Dirlene Trindade Marques*

Participei de um grupo de mineiros que esteve em Cuba do dia 20 de janeiro a 5 de fevereiro de 2008, nas Brigadas de Solidariedade. A carta renúncia de Fidel e os comentários da imprensa e das diversas pessoas que encontro, me levaram a escrever este texto, considerando o que vivi, vi, ouvi, observei e estudei. Influenciadas (os) pela intensa propaganda na imprensa, fomos a Cuba procurando a miséria e a ditadura. E, no nosso subconsciente, o povo deveria ser muito passivo e muito bronco, para manter uma ditadura de 49 anos. E o que encontramos?

Tivemos um choque pois encontramos um povo com um nível cultural bem acima da media do povo brasileiro. Tivemos liberdade de ir e vir, de bisbilhotar, entrar em todos os lugares e de conversar com todos. Alias, até de forma muito invasiva, entravamos nas casas, nas escolas infantis, nos muitos museus. Procurávamos crianças e adultos de pés no chão, mendigando, dormindo debaixo de marquises, casas miseráveis. Só então entendemos a verdade do outdoor próximo ao aeroporto: "Esta noite, 200 milhões de crianças dormirão nas ruas do mundo. Nenhuma é cubana". Outro: "A cada ano, 80 mil crianças morrem vitimas de doenças evitáveis. Nenhuma delas é cubana". Sabemos que milhares delas são brasileiras, a 8ª economia do mundo.

Chegamos um dia apos o encerramento do processo eleitoral, onde se elegeu o Parlamento, eleição não obrigatória, com 95% de participação. E, para nossa surpresa, ficamos sabendo que o Partido Comunista Cubano não é uma organização eleitoral e portanto não se apresenta nas eleições e nem postula candidatos. Os candidatos são tirados diretamente, em assembléias publicas nas diversas formas de organizações existentes: do bairro, das mulheres, jovens, estudantes, campesinas. Que depois vão se reunindo por região, estado e finalmente, no nível nacional. Estes representantes nacionais, elegem o presidente e o vice. Todos os representantes podem ser destituíveis, a qualquer momento, pelas suas bases, caso não estejam respondendo ao projeto de sua eleição. E vimos como 46% dos eleitos são mulheres (e no Brasil conseguimos as cotas de 30% para concorrer!). As estruturas de funcionamento são mais próximas de uma democracia direta. Parece-me um contra-senso chamar este processo de ditadura. Seguramente, é diferente da democracia burguesa, onde apos colocar o voto na urna finda a obrigação do eleitor. Os críticos valem-se da mágica de que "o que é bom para os EUA é bom para o resto do mundo".

Tentando entender o que víamos - pouca riqueza material, um povo simples e culto, simpático e sem stress - procuramos estatísticas: alfabetização de 99,8% (no Brasil 86,30%) e que de 1959 a 2007, a quantidade de escolas passou de 7.679 a 12.717, os professores passaram de 22.800 para 258.000, com uma população em torno de 11 milhões de habitantes sendo o pais com o maior índice de professores por habitante do mundo. No IDH 2007 da ONU, o Brasil comemorou o fato de figurar em 70º lugar. Cuba figura em 51º lugar. O país conta com 70.594 médicos para uma população de 11,2 milhões (1 médico para 160 habitantes); índice de mortalidade infantil de 5,3 para cada 1.000 nascidos vivos (nos EUA são 7 e, no Brasil, 27); 67 universidades gratuitas. Dados da UNESCO em 2002 mostram que 98% das residências cubanas possuíam instalações sanitárias adequadas (contra 75% no Brasil). Dados da CIA (central de inteligência americana), estimava em 1,9% o desemprego em Cuba; no Brasil era de 9,6% no ano de 2007. E que, a expectativa de vida ao nascer na ilha era de 77,41 anos e no Brasil era de 71,9 anos.

Esses são alguns números que encontramos, a despeito de ser uma pequenina ilha, ao alcance de um tiro de canhão disparado de Miami, que resistiu a uma tentativa de invasão norte-americana (Baía dos Porcos, 1961) e a várias outras de assassinato de Fidel Castro e ações terroristas orquestradas pela CIA, ter um bloqueio econômico e político apenas rompido por países com autonomia como Venezuela, Bolívia, China e alguns países da Europa.

Continuamos procurando outros sinais de desmandos: e os presos políticos?

De fato, há pessoas detidas mas não pelo que pensam, mas pelo que fazem, como o de organizar grupos financiados pela embaixada dos EUA. Fora isso, todas as personalidades importantes da dissidência estão em liberdade, mantendo suas atividades políticas como Martha Beatriz Roque, Vladimiro Roca e Oswaldo Paya. É importante ressaltar que Cuba sofreu intensamente com o terrorismo nos últimos 40 anos, perfazendo mais de 3500 mortos. Documentos oficiais dos EUA confirmam o financiamento de cubanos exilados para promover ações contra o governo cubano. O museu na Praia Giron (ou Baía dos Porcos) é um monumento de denúncia das ações terroristas, iniciadas desde 1961 com o rompimento das relações diplomáticas e a instauração do bloqueio econômico. Alguns dados: em 1963 o democrata Kennedy aprova o plano de manter todas as pressões possíveis com o fim de perpetrar um golpe de Estado, obrigando Fidel Castro a viver como nômade. Nos anos 90, a Lei Torricelli reforça o bloqueio econômico (seção 1705): "Os Estados Unidos proporcionarão assistência governamental adequada para apoiar a indivíduos e organizações não governamentais que promovam uma mudança democrática não violenta em Cuba". Esta lei vai ser reforçada na administração de Clinton, pela lei Helms-Burton: "O presidente dos EUA está autorizado a proporcionar assistência e oferecer todo tipo de apoio a indivíduos e organizações não governamentais independentes com vistas a construir uma democracia em Cuba". O governo Bush não podia ficar atrás e, em 2004 aprovou um financiamento de 36 milhões de dólares para financiar a oposição a Cuba, em 2005 mais 14,4 milhões de dólares, em 2006 mais 31 milhões de dólares alem de 24 milhões de dólares para a Radio e TV Marti, transmitida dos EUA para Cuba neste caso, infringindo a legislação internacional que proíbe este tipo de transmissão. Querem impor a Cuba a democracia (sic) que estão implantando no Iraque.

Com o nosso olhar de turistas de classe média, nos chocavam alguns problemas da vida cotidiana como habitações modestas, transporte publico precário, limitações econômicas para se ter papel higiênico (e pensávamos, pobrezinho dos cubanos). Estas são carências verdadeiras, alem de várias outras apresentadas pelo secretario do partido comunista, em uma palestra para os brigadistas: o aumento da prostituição, dos pequenos delitos, da corrupção e da desigualdade social. Sabiam dos problemas que poderia acarretar a abertura para o turismo apos o fim da União Soviética e a intensificação do bloqueio, nos anos 90. O investimento no turismo e posteriormente, com a criação da moeda turística, cresce a entrada de divisas, possibilitando um rendimento para os trabalhadores destes setores acima do restante da população, ocasionando o aumento da desigualdade social. Afirma ele que vivem em uma quádrupla ilha: posição geográfica; única nação socialista do Ocidente; órfã de sua parceria com a União Soviética e bloqueada há mais de 40 anos pelo governo dos EUA. Consciente destes novos problemas, buscam construir respostas coletivas. Desencadearam um processo de críticas e sugestões, através das organizações de massa e dos setores profissionais. Até agora, mais de 1 milhão de sugestões foram recebidas e estão sendo trabalhadas.

Mas, para nos brasileiros de classe média (somos quantos? 5%? 10%) e que não conhecemos a realidade dos 90% do nosso povo, que não tem como pagar um plano de saúde, com educação precária, com pouca alimentação, que fica com os restos do desperdício dos 10%, é difícil entender a lógica econômica de uma sociedade voltada para os 100% da população. E ficamos horrorizados por eles não terem papel higiênico. Mas não nos deixam horrorizados que tenham bibliotecas e livrarias em toda escola e em toda cidadezinha. Ou que tenham acesso à saúde e educação da melhor qualidade, habitação com saneamento e aparelhos eletrodomésticos novos que economizam energia. Ou, que vivam em um país sem degradação ambiental.

E a busca do conhecimento? E as escolas? Como é possível ver os círculos infantis, crianças de 1 a 4 anos, assentadas ouvindo historias, sem a professora estar gritando, mandando ficarem quietas? E ver os portões destas escolas abertas e as crianças não fugirem? Como é possível não serem stressadas? E conversando com as crianças do pré-escolar e do escolar (5 a 11 anos), ficávamos surpresas com as perguntas cheias de inteligência e informação sobre nosso pais. Como nos permitiam entrar nas salas de aulas, fotografar, bisbilhotar as bibliotecas onde encontrávamos livros de Marx a Lênin, de Jorge Amado, Machado de Assis, a Shakespeare? Imagine isto aqui no Brasil! Ficávamos encantadas. Eu, como professora da UFMG, tida como uma das melhores do Brasil, me encantava com aquelas bibliotecas. E as livrarias? Na pequenina Caimito onde ficava o acampamento, literalmente invadimos uma livraria, comprando tudo quanto e tipo de livro, pela sua qualidade e pelo preço (comprei um livro do Boaventura de Souza Santos por 8 pesos cubanos (mais ou menos a R$ 0,50), outro do Che Guevara sobre Economia Política de 397 págs. por 22 pesos cubanos, portanto em torno de R$ 1,40.

E o investimento na potencialidade do ser humano não pára aí. O desenvolvimento das artes - dança, pintura, musica, poesia, desportos - é encontrado em cada escola, em cada esquina, em cada cidade.

Tivemos também as frustrações no contato com pessoas, especialmente em Havana, onde impera o espírito da cidade turística, buscando sempre ganhar alguma coisa, passar a perna, apenas diferenciando de nossas cidades turísticas como o Rio de Janeiro pela intensidade dos problemas. É mais ingênuo, meio estilo anos 60. De todo jeito, frustrante. Nos entristeceu encontrar cubanos sonhando em sair da ilha, acreditando por exemplo, que o Brasil é um paraíso, visão que têm através das telenovelas (que todos lá assistem).

É assim, uma sociedade muito diferente que nos estimula e atrai. Aliás, nada melhor para expressar isto do que a crônica do Clovis Rossi, o "pop star" se aposenta do dia 20 de fevereiro na Folha de S. Paulo, relatando o episodio de um encontro do GATT, com a presença dos chefes de estados, diferentes autoridades mundiais e jornalistas de todo o mundo. Diz ele que o burburinho na sala do encontro e na sala dos jornalistas era enorme, com a atenção dispersa. Quando se anunciou Fidel Castro houve uma grande agitação, com todos procurando o melhor lugar para assisti-lo e "ao terminar, uma chuva de aplausos, inclusive de seus pares, 101% dos quais não tinham nem nunca tiveram nenhum parentesco e/ou simpatia com o comunismo. Difícil entender o que aconteceu ali".

Para terminar, quero colocar uma idéia desenvolvida na mesa redonda integrada por vários cientistas cubanos e sintetizada pelo jornalista Jesus Rodrigues Diaz, falando sobre o potencial no desenvolvimento do conhecimento quando ele se dá de forma coletiva: "Temos que insistir também que, quando falamos do Potencial Humano criado pela revolução, não nos referimos exclusivamente à quantidade de conhecimentos técnicos incorporados em nossa população. Mais importante ainda é a semeadura de valores éticos, de atitudes ante a vida. Na sociedade do conhecimento faz falta um cidadão com vocação de aprender e de criar, e de levar seus conhecimentos aos demais seres humanos. Os conhecimentos técnicos nos podem dizer como se trabalha, porém são os valores os que nos fazem compreender por que se trabalha e deles tiramos as motivações e as energias para seguir adiante.

Que se passa agora se os conhecimentos se voltem ao fator mais importante da produção, inclusive os bens de capital? Não é difícil de prever. A resposta do capitalismo é a intenção de converter também o conhecimento em Propriedade Privada. Porem, a boa noticia é que isto não vai funcionar. O conhecimento não é igual ao Capital. Está nas pessoas e não se pode facilmente privatizar. O conhecimento requer circulação e intercâmbio amplo. As leis da propriedade intelectual inibem este intercâmbio. O conhecimento é validado pela sua aplicação social, não pela sua venda. "O uso amplo dos produtos do conhecimento é o que os potencializa", termina o jornalista. Esta é a grande limitação do raciocínio capitalista em entender a potencialidade da criação coletiva. Ignoram que a criação humana coletiva tem muito mais possibilidades do que as leituras positivistas do conhecimento.

O maior feito desta pequenina ilha, com um povo cheio de dignidade e coragem, terá sido o de mostrar ao mundo que é possível construir uma sociedade baseada no ser humano e não na mercadoria e na acumulação de capital. E isto ameaça o mundo capitalista, e é rejeitada pela imprensa burguesa e pelos setores médios que querem impor as condições de suas vidas para a totalidade do mundo. Mas, Cuba não esta só. Existe hoje uma rede internacional de solidariedade ocasionada pelos médicos e professores cubanos em mais de 100 países, pela Operação Milagros, pelas brigadas de solidariedade e por todos aqueles que acreditam que Um Outro Mundo é Possível e que lutam pela sua construção.

* Professora da UFMG e conselheira do Conselho Federal de Economia.

Leia também a Carta do Comitê Central do PCdoB saudando o governo de Cuba.

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Reforma ortográfica da língua portuguesa entra em vigor  

Bandeiras lusófonas

A partir desta quinta-feira, 1° de janeiro, o Brasil adotou oficialmente uma nova grafia da língua portuguesa determinada pelo Acordo Ortográfico aprovado em 1990 e assinado em setembro do ano passado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Há um cronograma com tolerância de quatro anos, até dezembro de 2012, para aplicação do acordo, período em que as duas formas de escrever serão aceitas.

Além do Brasil, Angola, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Moçambique, Portugal, São Tomé e Príncipe, Timor Leste e Macau (região administrativa especial da China que também fala o português) assinaram o acordo. O objetivo dos governos com as mudanças foi simplificar e uniformizar as grafias da língua portuguesa, ampliando a cooperação comercial e social entre os países.

Abaixo um arquivo em PDF com dicas do Professor Sérgio Nogueira explica de maneira simplificada as mudanças:


Para fazer o download do arquivo, clique aqui.

Fonte: Povo On Line e O Globo.

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Chat UJS Ceará  

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