EUA vão finalmente retirar Mandela da lista de ''terroristas''
Com décadas de atraso, o congresso norte-americano finalmente aprovou a iniciativa que retirará o nome do líder pacifista sul-africano Nelson Mandela e o do partido político Congresso Nacional Africano da lista de ''terroristas'' mantida pelo governo de Washington. Pessoas e organizações que integram esta lista não podem entrar nos Estados Unidos e são alvos de uma série de sanções políticas e econômicas. A iniciativa foi aprovada pelo Senado dos EUA na noite da última quinta-feira (26), e pela Câmara de Representantes no dia 8 de maio. O projeto agora está na Casa Branca para sua promulgação.
Em audiência realizada em abril deste ano, a secretária de Estado norte-americana, Condoleezza Rice, pediu ao Congresso que assegurasse a aprovação do projeto de lei e informou que até hoje ela é obrigada a emitir autorizações especiais quando Mandela e outros líderes do Congresso Nacional Africano querem viajar aos Estados Unidos. ''Isso é muito embaraçoso'', declarou Rice na ocasião.
O governo sul-africano baniu o Congresso Nacional Africano em 1960. Os líderes do partido foram detidos ou obrigados a se exilar. Mandela, líder do CNA, passou 27 anos detido. Desde então, ele eo CNA passaram a integrar a lista norte-americana de ''terroristas''.
''A aprovação deste projeto ajudará a apagar finalmente a enorme vergonha de ter desonrado este grande líder, ao havê-lo incluído na lista de terroristas de nosso governo'', afirmou o senador John Kerry, promotores da iniciativa.
Festa dos 90 anos
A iniciativa dos congressistas americanos ocorreu dias antes de um mega-concerto no Hyde Park, em Londres, que assinalou o aniversário de Nelson Mandela. O líder sul-africano completará 90 anos no próximo dia 18 de julho. Participaram alguns artistas de renome e foram vendidos 46.664 bilhetes, o número prisional de Mandela durante os 27 anos em que esteve encarcerado na África do Sul.
No meio do concerto, no qual compareceram cerca de 50 mil pessoas, Nelson Mandela, vestido de negro e ajudado pela sua mulher, Graça Machel, discursou perante a multidão, lembrando um ''concerto histórico'' realizado 20 anos antes, que apelara à sua libertação: ''as vossas vozes atravessaram o oceano e inspiraram-nos nas nossas longínquas celas''.
Mandela lembrou ainda que a luta pela liberdade ainda não acabou: ''Mesmo quando estamos celebrando, vamos nos lembrar de que nosso trabalho está longe de estar completo - nosso trabalho é por liberdade para todos'', disse o aniversariante ao público, chamando a atenção para a miséria e a Aids na África: ''Onde há pobreza e doença, inclusive a Aids, onde há opressão de seres humanos, há mais trabalho a ser feito''.
O evento também contribuiu para uma recolha de fundos para a organização de combate à Aids na África.
A luta continua
O show londrino contou com a participação de artistas como Queen, Simple Minds e Annie Lennox. O ator Will Smith abriu os trabalhos citando o cantor Peter Gabriel: ''Se o mundo pudesse ter apenas um pai, escolheríamos Nelson Mandela''.
Amy Winehouse, que esteve internada em um hospital londrino por alguns dias na semana passada após um desmaio, completou o lineup do show. A cantora entoou a famosa ''Free Nelson Mandela'', hino anti-apartheid nos anos 80. O público cantou junto e os artistas se emocionaram no palco. Amy aproveitou para pedir a liberdade de seu marido Blake Fielder-Civil (''Free Blakey!''), que está preso na Inglaterra por obstrução à Justiça.
Mandela encerrou o evento chamando a atenção para a continuidade de seu trabalho político: ''Hoje, após quase 90 anos de vida, é tempo de novas mãos carregarem o fardo. Está nas mãos de vocês agora, agradeço a vocês.''
29/06/2008, 21:12
Já não era sem tempo, o Mandela é um dos grandes líderes da humanidade no mundo contemporâneo, junto com o Che e o Ghandhi.
Bjs a todos!