Blog UJS Ceará

O blog de política da juventude cearense!

Globo tira TV Diário do ar  

Essa seria a manchete dos jornais cearenses se eles não tivessem o rabo preso

A crise do IBOPE que leva os diretores da TV Globo ao desespero e baixaria. Mais um golpe estúpido, sujo e baixo da Rede Globo de televisão, em aniquilar, destruir os seus potenciais concorrentes através de fortes pressões, ameaças e imposições mesquinhas, como se ainda estivéssemos na época das origens sinistras da Rede Globo – a Ditadura Militar.

A TV Diário é uma emissora de televisão aberta surgida no Ceará que com ousadia e disposição vem exibindo uma programação produzida a distancias do eixo-emissor da comunicação brasileira. De certa forma é um dos únicos focos de resistência na comunicação televisiva do Brasil, diante a agressividade das redes formadas a partir do sudeste.

Chega a ser um exemplo de competência (mesmo com a qualidade de sua programação questionada, porque "reproduz", com o sotaque e o jeito cearense de fazer, muita anormalidade assistida nas emissoras sulistas ditas "donas do Brasil"). Ligada ao Sistema Verdes Mares de Comunicação, forte grupo econômico cearense, que também administra a afiliada da TV Globo em Fortaleza. Este mesmo grupo está prestes a colocar uma nova afiliada da Rede Globo, desta vez no Juazeiro do Norte (interior cearense).

O dilema mais que problemático está ai, na mesma casa que acolhe duas emissoras afiliadas da Globo, tem levado em diante o projeto polemizado e ameaçador que é a TV Diário. A emissora cearense cresceu muito em proporções de audiência em todo o Brasil, e agora ameaça determinados nichos de mercado da poderosa emissora sulista (que não pretende ceder espaço aos concorrentes, já que a Rede Record vem aos poucos deixando a Globo para trás, imagina se surge mais uma poderosa em pleno Nordeste?).

Não há clausula no contrato da TV Globo com as afiliadas que citem este item de que é proibido o mesmo grupo possuir outra emissora via satélite para todo o Brasil, entretanto, como a ameaça de perda de pública da Globo agora é uma realidade, esta emissora sulista de TV está pressionado os membros da TV Diário (os seus diretores e todo o seu cast de apresentadores) no sentido de que a TV Diário deixe de ser exibida em rede nacional (via satélite).

O objetivo da Rede Globo é "cortar o mal pela raiz", é proporcionar um desmonte em tudo o que a TV Diário já conquistou, em poucos anos de vida. A TV do Nordeste corre o risco de ser transmitida apenas em caráter local e alguns pontos do interior do Ceará. Tudo por conta do medo da Globo de perder espaço, audiência, e assim, perder parte dos seus lucros, com a baixa no preço dos anúncios nos blocos de comerciais e patrocinadores.

Os donos do Sistema Verdes Mares e o enigma da censura: seria mais viável financeiramente se aventurar no risco da conquista através da TV Diário em rede nacional, e desta forma perder de vez as duas fortes emissoras afiliadas da Rede Globo no Ceará? Ou ficar engolindo sapo dos inescrupulosos sulistas e fazer a coisa da forma que eles querem, agüentando as chicotadas calados, e ficar com a margem de lucro pequena na TV Diário, mas se manter com a certa arrecadação constante das duas emissoras globais no Ceará?

Diante o caos da escravidão do poder financeiro foi que ontem (20/02) aconteceu uma reunião turbulenta na cúpula da TV Diário (a mesma sede da afiliada da Rede Globo cearense) para comentar este drama de esmagamento geral da Globo sobre a TV do Nordeste entre os seus apresentadores. Infelizmente os diretores das duas emissoras cearenses não se deram de conta nem de separar o ambiente de trabalho da Globo local e da TV Diário (um erro).

A desgraça é que a Rede Globo na frente das suas câmaras é contraria as intolerâncias, e por detrás dos focos prega agressivamente a sua própria intolerância, numa hipocrisia jamais vistas em reconhecer os seus potenciais concorrentes. Está mais do que na hora de uma instituição pública de regulamentação do setor dos meios de comunicações tradicionais começar a intervir na pressão sofrida pela TV Diário ao massacre Global (se é que também já não foi comprada pela moeda do defunto Marinho).

Caso a TV Diário ceda as pressões, coitado do Edson Queiroz (fundador do Sistema Verdes Mares de Comunicação) que deverá estar se roendo por inteiro (esteja onde estiver) na dor de ver o seu projeto de conquista ser encolhido por forças ocultas globais sulistas. Ache bom ou ache ruim, a TV Diário vai abrir mesmo as pernas?, é isto!

Fonte: Site de Notícias Miséria

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2009 - Um Ano de Muita Luta!  

Por Ivo Braga*

O ano de 2009 começou com todo o gás para os estudantes brasileiros, já em janeiro tivemos, em Salvador, o vitorioso XII CONEB (Conselho Nacional de Entidades de Base) da UNE, que aprovou o projeto de reforma universitária dos estudantes. Logo após iniciou-se a 6ª Bienal de Cultura e Arte dos estudantes, atividade que aglutinou cerca de 15 mil jovens de todo o país e foi encerrada com uma grande passeata cultural reivindicando o direito ilimitado à meia-entrada estudantil nos aparelhos culturais.

Em Belém do Pará, realizamos durante o Fórum Social Mundial o Encontro Internacional de Estudantes, tendo grande participação de lideranças do movimento estudantil latino americano e lançando a campanha “Educação Não é Mercadoria”! Contra a entrada da Educação nas rodadas de negociação da OMC (Organização Mundial do Comércio).

Após esse embalado início de ano, teremos no próximo período uma agenda quase tão intensa quanto. Pois é gritante a necessidade de este ano aprovarmos o PL 227/08 na assembléia legislativa do Ceará, para garantir a Reserva de 50% das vagas das universidades estaduais para estudantes oriundos da rede pública de ensino.

Para isso será preciso tirar uma agenda positiva de mobilizações dos estudantes junto ao parlamento estadual. Participaremos da construção da Conferência Estadual de Educação, espaço em que é importantíssima a massiva participação dos estudantes cearenses, para que possamos aprovar uma resolução positiva, que contemple professores e estudantes progressistas e construa um projeto de educação avançado, dentro dos patamares de uma reforma educacional que paute a educação como forma de garantia de um projeto de desenvolvimento do país. No segundo semestre ainda teremos os congressos da UNE, em julho, da ACES e da UBES em novembro e dezembro, respectivamente.

Temos o dever de ‘invadir’ as escolas para travar o debate educacional e ganhar a opinião dos estudantes que ainda não estão do nosso lado; importante também é trazer para o nosso campo os educadores, precisamos quebrar as barreiras do preconceito que ainda rodeiam temas como o da reserva de vagas. Com isso enriqueceremos o debate político em nosso estado. E só assim chegaremos ao final do ano com forças para construir um grande congresso da ACES e da UBES, fazendo o movimento estudantil do tamanho do Brasil. Fazendo com que os mais velhos relembrem as áureas épocas do movimento estudantil brasileiro, como da luta pelo petróleo na década de 50; a luta pela democracia durante o regime militar; até mesmo o inesquecível ‘Fora Collor’ no início da década de 90.

Sentimos o peso da responsabilidade que está sobre nossos ombros, mas não desanimamos nem um minuto sequer, pois o espírito revolucionário que está dentro de cada um de nós clama por muita luta, clama por gente na rua e por grandes vitórias para o povo brasileiro. Tenho certeza que não decepcionaremos Joaquim Osório Duque Estrada quando em nosso hino nacional ele diz “Verás que um filho teu não foge à luta”. Pois iremos às ruas quantas vezes forem necessárias para aprovar a reserva de vagas, e mais quantas vezes forem necessárias para defender a meia-entrada, construiremos um plano estadual de educação avançado que trará para nossos jovens melhorias na educação pública.

E para coroar este grande ano de trabalho construiremos o maior congresso estadual de estudantes que o Ceará já viu, levando uma grande delegação ao 38° Congresso da UBES! Com isso finalizo e desejo a nós a sorte e empenho necessários para estas conquistas.

Até a vitória sempre!

*Ivo Braga é Presidente da ACES - Associação Cearense dos Estudantes Secundaristas e Vice-presidente Ceará/Rio Grande do Norte da UBES - União Brasileira dos Estudantes Secundaristas.

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Entenda o motivo de o Carnaval não ter uma data fixa  

Você já percebeu que a data do Carnaval varia a cada ano? Isso acontece porque ela é calculada a partir do dia de Páscoa, que também é uma data móvel. Veja só como funciona:

A Páscoa sempre acontece no primeiro domingo de lua cheia após o dia 21 de março, que é o dia em que começa o outono aqui no Brasil. Definida a data da Páscoa, é só contar 47 dias pra trás e encontrar a terça-feira de carnaval!

Veja só os dias em que cai o Carnaval nos próximos anos:

2009: 24 de fevereiro
2010: 16 de fevereiro
2011: 08 de março
2012: 21 de fevereiro
2013: 12 de fevereiro
2014: 04 de março
2015: 17 de fevereiro

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A origem do carnaval  

A vida humana está associada a fenômenos astronômicos e a ciclos naturais, tais como o ano e o dia que permitiram a elaboração dos calendários civis e religiosos, onde as grandes festas universais, como a Páscoa, o Natal etc., constituem lembranças astronômicas de grande importância histórica e econômica para a época em que foram instituídas. Muitas dessas tradições de origem pagã foram absorvidas pelas religiões atuais do mundo ocidental. A grande maioria dos foliões do nosso carnaval, ao se divertir, não sabe que estará inconscientemente fazendo apelo a uma reminiscência astronômica de origem solar.

De fato, na Antigüidade a importância dos astros era enorme na vida econômica e social. Como não possuíssem um calendário preciso que lhes permitissem prever com segurança a ocorrência do início das estações e, portanto, a época da semeadura e colheita -- eram os povos primitivos, em especial os camponeses, obrigados a observar o céu. Em função de determinadas estrelas muito brilhantes, sabiam com antecedência quando iria ocorrer a chegada da primavera, do verão, do outono e do inverno.

Por outro lado, a observação astronômica, além de ser motivada pela sua principal atividade econômica -- a agricultura --, era estimulada também pela ausência de luz nas grandes metrópoles da época, o que facilitava muito a observação dos astros. Com efeito, a feérica iluminação das grandes cidades modernas tem afastado o antigo hábito de observação do céu. Assim, ofuscados pelas luzes, não vemos os astros, que regem a nossa vida social em virtude de toda uma série de tradições de origem astronômica que foram estabelecidas pelas civilizações que nos antecederam.

Festa de Ísis

Desde as mais recuadas eras, os diferentes povos estabeleceram algumas festas de grande alegria. Assim, encontram-se entre os egípcios as festas de Ísis – deusa antropomórfica da magia e da ressurreição --, e do Touro Ápis – deus da fecundidade e do renascimento, representado por um touro branco com um disco solar entre os chifres --; as dionisíacas – danças e festas em homenagem ao deus Dionísio --; festa em honra de Baco, deus do vinho, entre os romanos; entre os gregos; as lupercais – festas ao Luperco ou Pã, deus protetor dos pastores e dos rebanhos comemorado em 15 de fevereiro, na Roma Antiga --; e as saturnais – festas a Saturno, deus da agricultura, celebrado entre os dias 17 e 19 de dezembro, quando se comemorava a semeadura da safra, entre os romanos. Todas envolviam festins, danças e disfarces. Embora seja muito difícil caracterizar a origem verdadeira do Carnaval, parece que os nossos atuais festejos estão intimamente associados às duas últimas festas romanas.

Logo após o início do Ano Novo, os romanos, nas calendas de janeiro, comemoravam as saturnais, festas instituídas por Janus em memória do deus Saturno que, segundo a lenda, teria transmitido a arte da agricultura aos italianos. Durante as saturnais, as distinções sociais não eram levadas em consideração. Os escravos ocupavam os lugares dos seus patrões, que os serviam à mesa. Nesse período não funcionavam os tribunais e as escolas. Os julgamentos eram suspensos e os condenados não podiam ser executados. Interrompiam-se toda e qualquer hostilidade. Os escravos percorriam as ruas cantando e se divertindo na maior desordem. As casas eram lavadas e purificadas. As pessoas de um certo nível social preferiam se retirar para o campo, durante as saturnais, o que permitia ao povo celebrar com maior alegria esse período de liberdade.

Numa seqüência lógica aos excessos libertários, os romanos procediam à sua purificação pelas comemorações das lupercais, festas celebradas em 15 de fevereiro, em homenagem ao deus Pã, matador da loba que aleitara os irmãos Rômulo e Remo, fundadores de Roma segundo a lenda.

Princípio da fecundidade

Nesses festejos celebrava-se o princípio da fecundidade. Durante as comemorações das lupercais, untados em sangue de cabra e lavados com leite, os lupercos nus, com uma pele de um bode sobre os ombros, saíam pelas ruas batendo nos pedestres com uma correia de couro. As mulheres grávidas saíam às ruas e se ofereciam aos golpes das correias na esperança de escaparem às dores do parto. Por outro lado, as mulheres com desejo de possuírem um filho também procuravam ser atingidas pelas correias dos lupercos na esperança de virem a engravidar.

Como todos esses festejos, que consistiam essencialmente em mascaradas, disfarces e danças, já estivessem de tal modo implantados nos costumes quando do aparecimento do cristianismo, a Igreja só teve uma saída: adotou-os e, ao mesmo tempo, procurou santificá-los.

De fato, o Carnaval parece ter tido origem nessas antiquíssimas comemorações pagãs, em geral de grande alegria e liberalidade, que eram celebradas durante a passagem do ano e com o objetivo de anunciar a próxima chegada da primavera. Com efeito, o atual carnaval era o tempo de regozijo, que ia desde a Epifania (6 de janeiro). até a quarta-feira de Cinzas. Com o tempo, essa festa acabou limitada aos últimos dias que antecediam o início da Quaresma, período de 40 dias que vai da quarta-feira de Cinzas até o domingo de Páscoa, e durante os quais os católicos e ortodoxos fazem sua penitência.

O período carnavalesco variou e ainda varia segundo as tradições de cada país. Assim, parece que ele se iniciava primitivamente na Idade Média em 25 de dezembro, incluindo a festa de Natal, o dia do Ano Novo e a Epifania. Mais tarde, passou a ser comemorado desde o dia de Reis até um dia antes das Cinzas. Em alguns lugares da Espanha, sua comemoração inclui também a quarta-feira de Cinzas. Em alguns países só se comemora na terça-feira, ao passo que no Brasil é festejado no sábado, domingo, segunda e terça-feira.

Esses festejos de janeiro e fevereiro, ligados às antigas festas pagãs de abertura do ano, estão associados, como já demonstraram os peritos em folclore cristão. Não eram simples rituais desprovidos de significações mais profundas, como se podia supor inicialmente. Na realidade essas festas populares cíclicas dos países cristãos, que serviam para abrir o ano e anunciar a vinda da primavera, estão todas elas intimamente associadas ao fenômeno astronômico do solstício de inverno no hemisfério Norte, de onde surgiram todas essas práticas.

Igrejas

As igrejas católica e ortodoxa herdaram tais festas ou rituais do mundo greco-romano, que, por seu lado, as teria recebido do Oriente. Assim, na realidade, todos os festejos cíclicos, tais como o próprio carnaval, estariam associados aos antigos rituais pagãos referentes às mudanças de estação, quando então se adoravam os deuses naturais da fecundidade, do crescimento, da colheita e da abundância, praticando-se penitências ou até mesmo o sacrifício de seres vivos. Essas festas continuaram tradicionalmente a ser respeitadas mesmo nas regiões que não apresentam as mesmas mudanças meteorológicas. Assim, as festas do carnaval comemoradas durante o inverno no hemisfério Norte são celebradas, no hemisfério Sul, em pleno verão.

Micareta, o carnaval alternativo

Nos primeiros decênios do século XX, o jornalista Francisco Guimarães – o conhecido Vagalume --, percebendo que o sábado de Aleluia se distanciava muito do período carnavalesco, introduziu no Rio de Janeiro a Mi-Carême (Meia Quaresma), importada da França. Essa festa parisiense foi comemorada no Rio, nos anos de 1920 até 1922, anualmente.

O vocábulo Mi-Carême foi abrasileirado em Micareta ou Micarema, cuja comemoração é muito comum nas cidades do nordeste, principalmente em Feira de Santana. De fato, nessa cidade baiana, comemora-se a Micareta, anualmente, na quinta-feira da terceira semana da Quaresma. Ao contrário, do que ocorreu no Rio, a festa carnavalesca realiza-se 15 dias após a Páscoa. Ela surgiu, em Feira de Santana, em 1937, quando choveu muito durante o período do Carnaval e foi decidido que a festa de Momo fosse transferida para o mês de maio daquele mesmo ano. Em virtude do grande sucesso é habito até hoje, em Feira de Santana, comemorar um segundo carnaval também após a Páscoa.

Conclusão

Finalmente, convém lembrar este texto pouco conhecido de Albert Einstein:

“Os homens não vivem só de pão. É possível que as pessoas não versadas nas ciências atinjam uma parcela da beleza e virtudes inerentes ao pensamento, com a condição de que este pensamento lhes seja tornado assimilável. Não devemos exigir que a ciência nos revele a verdade. Num sentido corrente, a verdade é uma concepção muito vasta e indefinida. Devemos compreender que só podemos visar à descoberta de realidades relativas. Além disso, no pensamento cientifico existe sempre um elemento poético. A compreensão de uma ciência, assim como apreciar uma boa música, requer em certa medida processos mentais idênticos. A vulgarização da ciência é de grande importância, se proceder duma boa fonte. Ao procurar-se simplificar as coisas não se deve deformá-las. A vulgarização tem de ser fiel ao pensamento inicial.”

A leitura desse pensamento seria suficiente para eliminar um pouco a incompreensão da importância da divulgação científica, mas Einstein continua:

“A ciência não pode, é evidente, significar o mesmo para toda a gente. Para nos, a ciência é em si mesma um fim, pois os homens de ciência são espíritos inquisidores. Mas não devemos esperar que todos comunguem das nossas concepções, e assim os profanos em matéria de ciência devem constituir objeto de uma especial consideração. A sociedade torna possível o trabalho dos sábios, alimenta-os. Tem o direito, portanto, de lhes pedir por seu lado uma alimentação digestiva.”

Assim como Einstein acreditou que a sociedade pede aos que guardam segredos a sete chaves, sejam científicos ou de natureza política, que liberem-na de uma forma algo bem digestível.

Bibliografia

Albin, Ricardo Cravo. O Livro de Ouro da MPB, Ediouro, Rio de Janeiro, 2003.
---. Tons e Sons do Rio de Janeiro de São Sebastião, Instituto Cravo Albin, Rio de Janeiro, 2005.
---. Dicionário Houaiss Ilustrado – Música Popular Brasileira, Paracatu Editora, Rio de Janeiro, 2006.
Araújo, Hiram (coordenador). Memória do Carnaval, Oficina do Livro, Rio de Janeiro, 1991
Maximo, João e Didier, Carlos. Noel Rosa, uma biografia, Editora UnB, Brasília, 1990.
Mourão, Ronaldo Rogério de Freitas. Dicionário Enciclopédico de Astronomia e Astronáutica, 2ª edição revista e ampliada, Editora Nova Fronteira, Rio de Janeiro, 1996.
---. Que dia é hoje?, Unisinos, São Leopoldo, RS, 2003.
---. O livro de ouro do universo, 7ª edição, Ediouro, Rio de Janeiro, 2005.

Por Ronaldo Rogério de Freitas Mourão - Astrônomo, criador e primeiro diretor do Museu de Astronomia e Ciências Afins.

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Big Brother emburrece a sociedade brasileira  

A nona edição do Big Brother Brasil, que estreou em 13 de janeiro, tem causado calafrios aos mercadores de ilusão da poderosa TV Globo. Ela ainda não superou a média de 36 pontos do Ibope, a terceira posição no ranking das piores audiências do BBB nas suas semanas iniciais. A primeira edição, por exemplo, atingiu 49 pontos; a quinta teve 46 pontos. Diante deste resultado, especialistas já prevêem que o reality show, criado pela firma holandesa Endemol, "não decolará no Ibope" e pode ter o seu futuro ameaçado - o que seria bastante saudável para a sociedade.

Segundo Ricardo Feltrin, colunista da UOL, o BBB-9 "exibe um viés de baixa na audiência que se intensifica desde 2004. Nas últimas cinco edições, sua média comparada caiu de 47,5 pontos para 32 - uma redução de 33% no número de telespectadores". As inovações, como a "casa de vidro", e os deprimentes paredões ainda não conseguiram reverter a tendência de queda. Mesmo assim, o Big Brother ainda é o líder absoluto de audiência, com o dobro de telespectadores da segunda colocada, a TV Record. Ele também supera o "Domingão do Faustão" e as telenovelas globais, estas sim em acelerado declínio, o que gera uma guerra de bastidores na Rede Globo.

Fábrica de ilusões e de dinheiro

Além disso, o BBB continua sendo uma das principais fontes de lucros da Rede Globo. Segundo o jornalista Daniel Castro, ele nem havia estreado e os seus intervalos comerciais já tinham sido completamente vendidos até o final. Estima-se que o BBB-9 renderá cerca de R$ 110 milhões à emissora - R$ 60 milhões em cotas de patrocínio e outros R$ 50 milhões em merchandising, anúncios extras, espaços vendidos na casa, assinaturas de pacotes na TV paga, etc. Ele hoje seria o produto mais rentável e lucrativo da empresa, superando as receitas com as telenovelas.

Somente com a "Loja do BBB", a emissora já elevou em 70% os seus lucros em relação a 2008. Segundo Bárbara Sacchiello, "através da divisão Globo Marcas, a grupo mantém, há três anos, a loja hospedada no site do programa. Ao todo, são 30 produtos diferentes, entre roupões, bolsas, utensílios domésticos e até edredons com a marca BBB... A cada edição, novas peças chegam para se juntar ao portfólio do site e atrair fãs". A novidade neste ano são os dois robôs RoBBB, que trazem imagens e sons em tempo real. Os "olhinhos" robóticos custam R$ 449,90 e R$ 169,90, respectivamente, e a emissora já teve que encomendar mais peças à fornecedora Yellow.

"Espelho fiel da vida amesquinhada"

Diante do sucesso comercial (e o que importa é lucro, e não a qualidade do produto), a TV Globo já estuda prorrogar BBB-9 de 24 de março para 7 de abril. Mas o que explica este fenômeno da televisão brasileira e mundial? A psicanalista Maria Rita Kehl, no livro Videologias, escrito em conjunto com Eugênio Bucci, dá importantes pistas. "Os reality shows são a forma mais eficiente de ilusão que a cultura de massas já produziu: eles vendem aos espectadores o espelho fiel de sua vida amesquinhada sob a égide severa das 'leis do mercado'. Eles vendem a imagem da selva em que a concorrência transforma as relações humanas. Só que elevados ao estatuto de espetáculo".

Para ela, "o show do BBB é a festa neoliberal do cálculo, o jogo da incansável concorrência com ou sem limites éticos... Os concorrentes ao prêmio final do BBB conspiram, manipulam, traem uns aos outros - esta é a verdadeira dimensão 'obscena' do show - até que o mais esperto, que se apresente como o mais amável ao público, ganhe a bolada prometida. A destruição da dimensão pública da vida humana, a privatização do sentido da vida e a consagração do homem subjetivo em lugar do homem político, como o novo paradigma do melhor que nossa sociedade produziu, são os componentes secretos do sucesso desse tipo de programa".

"Concorrência sem limites éticos"

Noutro texto, ela provoca: "É verdade que os luxuosos 'cativeiros' dos reality shows representam uma invasão, ainda que consentida, da privacidade dos cativos. Mas se ela é consentida, digamos que o exibicionismo dos protagonistas ultrapassa o voyeurismo das câmeras. A imprensa que acompanha o desenvolvimento desses shows afirma que a audiência se sustenta sobre o desejo do público de presenciar escândalos, brigas e cenas de sexo ?reais'. No entanto, os escândalos são escassos, se comparados aos longos períodos em que nada digno de nota acontece".

"Assistimos a um grupo de jovens geneticamente selecionados a gastar o seu tempo ocioso em conversas bobas, fofocas, cuidados corporais, picuinhas. O que interessa ao espectador fiel é a esperança de que a exibição, pela televisão, da banalidade de um cotidiano parecido com o seu, ponha em evidência migalhas de brilho e dê sentido que sua vida, condenada à domesticidade, não tem... A pobreza dos sonhos de fama dos que se candidatam ao cativeiro de luxo do Big Brother espelha a pobreza dos sonhos do espectador cativo, que espera o espetáculo começar".

Em síntese, o BBB incentiva os piores instintos humanos e contribui para a idiotização da nossa pobre sociedade. "Conspirações, traições, armadilhas, estratégias descaradas para passar a perna nos companheiros e garantir a própria permanência: este é o tema do BBB". No afã por lucros, a TV Globo pouco se importa com o conteúdo "sádico" do programa. Para ela, tudo é mercadoria. Como afirma o apresentador Pedro Bial, que renegou seu passado de jornalista sério, "tenho zero de preocupação em dar um aspecto cultural ao programa. Acho que tudo é cultura. Big Brother é tão cultura quanto Guimarães Rosa". Haja cinismo, uma marca registrada do BBB.

Por Altamiro Borges, jornalista, membro do Comitê Central do PCdoB.

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Em rompante de nostalgia, Folha saúda o regime militar  

Faz quase um ano que o jornalista Paulo Henrique Amorim desafia a Folha de S.Paulo a “tirar os cães de guarda do armário e confessar que foi ‘Cão de Guarda’ do regime militar” brasileiro. A julgar pelos fatos da semana, pode-se dizer o jornal da família Frias nunca esteve tão próximo da confissão.

A nostalgia da Folha começou a se evidenciar num editorial de 425 palavras sobre o presidente venezuelano, Hugo Chávez. O texto, publicado na última terça-feira (17), chega a comparar a Revolução Bolivariana na Venezuela e a ditadura brasileira.

Diz o jornal: “Em dez anos de poder, Hugo Chávez submeteu, pouco a pouco, o Legislativo e o Judiciário aos desígnios da Presidência. Fechou o círculo de mando ao impor-se à PDVSA, a gigante estatal do petróleo”.

Em meio a essas teorizações enviesadas, o editorial não esconde a opinião da Folha e sua larga simpatia pelo regime militar brasileiro: “As chamadas ‘ditabrandas’ — caso do Brasil entre 1964 e 1985 — partiam de uma ruptura institucional e depois preservavam ou instituíam formas controladas de disputa política e acesso à Justiça”.

É muito curioso que a Folha destaque tais “formas controladas de disputa política” justamente em contraste com Chávez — o único presidente do mundo que chamou seu povo às urnas nada menos que 15 vezes nos últimos dez anos, em eleições, referendos e plebiscitos. Quando foi que os brasileiros puderam exercer esse direito durante os 21 anos de regime militar? A Folha seria capaz de lembrar uma única experiência do gênero?

De forma cristalina, o editorial de terça-feira alardeia que Chávez — ou melhor, “o caudilho venezuelano”, com seu “rolo compressor do bonapartismo” — tem muito a aprender com os generais-presidentes do Brasil. Aprender o quê? A cassar direitos de lideranças políticas e sociais à moda Castello Branco? A levar para a Venezuela a experiência do AI-5 — “forma controlada” de “acesso à Justiça” no Brasil de Costa e Silva e Médici? A seguir o exemplo da dupla Geisel-Figueiredo e falar em distensão do regime, em abertura “lenta, gradual e segura” — mas ainda promover mais mártires como Vladimir Herzog, novas chacinas como a da Lapa e outros atentados como os do Riocentro?

Repercussão à altura

Cartas e e-mails de repúdio à Folha choveram a cântaros após a publicação do editorial. Um dos leitores mais indignados era Sergio Pinheiro Lopes, que classificou a opinião da Folha como “lamentável, mas profundamente lamentável mesmo, especialmente para quem viveu e enterrou seus mortos naqueles anos de chumbo. É um tapa na cara da história da nação e uma vergonha para este diário”.

As ponderações essenciais do leitor não foram suficientes para dissuadir a Folha. Uma “nota da redação” do jornal enunciava: “Na comparação com outros regimes instalados na região no período, a ditadura brasileira apresentou níveis baixos de violência política e institucional”. Para a Folha, ditadura só é ditadura pra valer se estiver na ponta do ranking do totalitarismo e empilhar mortos aos milhares. Como se antevisse a resposta do jornal, Sergio fez em sua carta um questionamento inapelável: “Quantos mortos, quantos desaparecidos e quantos expatriados são necessários para uma ‘ditabranda’ ser chamada de ditadura?”.

Dois intelectuais de respeito — os professores universitários Fábio Konder Comparato (aposentado) e Maria Victoria de Mesquita Benevides, da USP — saíram em defesa das vítimas da ditadura esculhambadas pelo editorial da Folha. “Mas o que é isso? Que infâmia é essa de chamar os anos terríveis da repressão de ‘ditabranda’? Quando se trata de violação de direitos humanos, a medida é uma só: a dignidade de cada um e de todos, sem comparar “importâncias” e estatísticas”, escreveu Maria Benevides. “Pelo mesmo critério do editorial da Folha, poderíamos dizer que a escravidão no Brasil foi ‘doce’ se comparada com a de outros países, porque aqui a casa-grande estabelecia laços íntimos com a senzala — que horror!”.

Já Comparato, ao sustentar que “o leitor Sergio Pinheiro Lopes tem carradas de razão”, cobrou a Folha: “O autor do vergonhoso editorial de 17 de fevereiro, bem como o diretor que o aprovou, deveriam ser condenados a ficar de joelhos em praça pública e pedir perdão ao povo brasileiro, cuja dignidade foi descaradamente enxovalhada. Podemos brincar com tudo, menos com o respeito devido à pessoa humana”.

Como a Folha está convicta das benesses da ditadura brasileira e não reconhece discordâncias, o jeito foi desqualificar seus missivistas: “Quanto aos professores Comparato e Benevides, figuras públicas que até hoje não expressaram repúdio a ditaduras de esquerda, como aquela ainda vigente em Cuba, sua ‘indignação’ é obviamente cínica e mentirosa”.

A arrogância da Folha segue rendendo contestações, como a do professor Caio Toledo, que escreveu a seus colegas de Unicamp. O texto de Toledo tacha de “repulsivas e agressivas” as “posições editoriais de Folha” e se solidariza com Maria Benevides e Comparato. “O jornal, sem argumentos e razões, agride a atuação pública destes dois combativos intelectuais por meio de uma leviana ‘nota de redação’. Diante de todas estas agressões ao pensamento democrático, cartas de protesto ao jornal e o cancelamento da assinatura não seriam as respostas mais consequentes?”.

Em entrevista ao Comunique-se, o presidente da Associação Brasileira de Imprensa (ABI), Maurício Azêdo, não poupou a Folha. “É lamentável que se proceda a uma revisão histórica dessa natureza. O que era negativo passa a ser positivo, dando absolvição àqueles que violaram os direitos constitucionais e cometeram crimes, como o assassinato do jornalista Vladimir Herzog nos porões do Doi-Codi”, afirma Azedo. “Dizer que houve acesso à Justiça é uma falsidade de caráter histórico que deveria causar vergonha à Folha de S. Paulo.”

Um veículo pró-regime

Não é de estranhar a defesa que a família Frias faz dos militares. Octavio Frias de Oliveira (1912-2007), o patriarca do clã, adquiriu em 1962 a Folha de S.Paulo — um jornal enforcado em dívidas, que demorou cerca de 15 anos para se tornar um investimento rentável. Uma das razões pelas quais a Folha se salvou financeiramente foi o laço íntimo com todos os generais-presidentes da ditadura.

Numa de suas raríssimas entrevistas, concedida em 2003, Frias-pai comentou sobre esses relacionamentos com o poder — e mentiu. “Eu sempre me mantive afastado do poder. Para ser independente você tem que estar um pouco distante porque senão entra numa situação moral difícil”, disse o ex-publisher da Folha. “Não tenho histórias para contar a este respeito porque sempre procurei manter uma distância entre a posição do jornal, a minha pessoal e os dirigentes do país”.

Mais adiante, na mesma entrevista, Frias se contradiz: “Na época da ditadura, acho que no governo Médici, o chefe da Casa Militar, com quem eu tinha certa relação, não me lembro o nome dele, me telefona e diz: ‘Ô Frias aqui quem fala não é o seu amigo não, é o chefe da Casa Militar Ou você muda esse jornal aí ou nós vamos fechar’. Eu mudei”.

O relato de Frias, ainda assim, não entrega tudo o que a Folha fez na conta do regime, como o odioso empréstimo de peruas C-14 do jornal ao DOI-Codi, para o transporte de presos políticos rumo ao encarceramento, à tortura e, não raro, à morte na Operação Bandeirantes (Oban). Na época, manifestantes chegaram a queimar veículos da Folha em protesto contra a morte de seus companheiros de luta.

No livro Cães de Guarda — Jornalistas e Censores do AI-5 à Constituição de 1988, Beatriz Kushnir dá mais detalhes da promiscuidade. A Folha da Tarde, especialmente, contou com uma matilha de jornalistas colaboracionistas — os “cães de guarda” — e era conhecido como “o jornal de maior tiragem” — ou seja, com mais tiras na redação.

No combate aos “subversivos”, a FT se antecipava ao regime e fazia o papel de porta-voz. Chegou a divulgar a morte do metalúrgico Joaquim Seixas, o Roque, antes mesmo de ele ser assassinado nos porões da ditadura — mas sonegou informações sobre a prisão de Frei Betto (como o fato de o frade ser repórter do jornal) e não noticiou a heróica missa ecumênica a Vladimir Herzog na Catedral da Sé.

Frias-pai não está mais vivo, mas dois de seus filhos continuam à frente da Folha de S.Paulo — Luís Frias como presidente do grupo Folha e Otavio Frias Filho, o Otavinho, como diretor de redação do jornal. Parece caber a eles, de forma progressiva, restabelecer e edulcorar as mais sombrias memórias da família Frias e da Folha. Memórias de um tempo em que a concessão da “ditabranda” era garantida aos fantoches das elites e da grande mídia — não ao Brasil, nem aos brasileiros.

Fonte: Portal Vermelho

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Redução da maioridade penal  

Volta e meia é reaberto o debate sobre a maioridade penal, via de regra sob a ótica conservadora que pretende diminuir a idade mínima dos atuais 18 anos. No ano de 2009, essa pauta deve ressurgir pelas mãos do senador Demóstenes Torres (DEM-GO), que tem substituivo sobre o tema pronto para ir ao plenário.

A proposta do senador torna penalmente responsáveis os jovens entre 16 e 18 anos que tenham consciência ou "plena capacidade" de entendimento sobre o ato ilícito cometido. No caso, se condenado, o jovem ficaria recluso em local distinto dos detentos com mais de 18.

Patrícia Saboya, senadora pelo Ceará (PDT), é contra a proposta justamente por considerar que a juventude representa parcela vulnerável da população e tem, na grande maioria da vezes, suas necessidades e direitos subjugados. "Eu não posso condenar as crianças porque o Estado brasileiro não cumpriu suas responsabilidades. A sociedade está com razão quando quer tranquilidade, mas asseguro, com minha experiência, que a redução da maioridade não é solução", diz.

E a depender das propostas de alguns parlamentares, a senadora não exagera quando fala em condenar "crianças". A PEC 90/03, por exemplo, do senador Magno Malta (PR-ES), quer tornar sujeitos à punição penal os maiores de 13 anos. Esse projeto é um dos cinco sobre o tema que foram juntados no substitutivo apresentado por Demóstenes.

Curioso é o fato de que ganha relevo nesse debate, sempre, o delito praticado pelo jovem e nunca o frequente descumprimento do Estatuto da Criança e do Adolescente por parte dos adultos e dos governos.

Os excelentíssimos senadores logo buscam a claridade dos holofotes para denunciar quando algum "menor" comete um crime, pois se aproveitam da comoção gerada para buscar dividendos políticos. Porém, são poucas as vozes que se levantam para combater a violência policial que vitima milhões nas periferias, a péssima qualidade da educação ou a falta de oportunidades para os jovens, camada mais afetada pelo desemprego.

É necessário que as entidades do movimento juvenil, conselheiros tutelares, entidades ligadas à defesa dos direitos da criança e do adolescente e parlamentares progressistas estejam preparados, desde já, para desmascarar as propostas que visam criminalizar a juventude brasileira.

Por Fernando Borgonovi

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Chico Lopes e Lula Morais entrarão com ação contra reajuste da energia elétrica no Ceará  

O deputado federal Chico Lopes e o deputado estadual Lula Morais (ambos do PCdoB-CE) ajuizarão esta quinta-feira, 19/2, às 13h30, na Justiça Federal em Fortaleza, Ação Popular contra a COELCE e a ANEEL. A ação, que inclui pedido urgentíssimo de Antecipação de Tutela, tem como objetivo evitar o reajuste de 8% na tarifa de energia elétrica, autorizado pela ANEEL mediante requerimento da COELCE, sob o argumento de eventuais prejuízos relacionados ao recolhimento de ICMS, a partir de 2004.

A COELCE foi autorizada pela ANEEL a cobrar o reajuste a partir do próximo mês de abril. Também foi autorizado pela Agência um reajuste adicional de mais 1,4% a cada ano, a partir de 2010. Todos os consumidores da COELCE, inclusive os isentos do ICMS, seriam prejudicados pelo aumento nas suas contas de energia elétrica.

De acordo com a advogada Claudia Santos, especialista em Defesa do Consumidor e assessora do Mandato Chico Lopes, o questionamento à autorização dada pela ANEEL para o aumento se baseia em pontos como a proibição legal de o ICMS ser levado em conta para cálculos de reajuste da tarifa de energia. “O cálculo do reajuste tarifário não pode conter nenhuma parcela referente a ICMS”, enfatiza a advogada.

“Se o consumidor que atualmente já paga o valor referente a ICMS na sua conta de luz tiver que pagar ainda um reajuste a mais, motivado por diferenças entre a Coelce e o Governo do Estado quanto ao recolhimento desse imposto, ficará caracterizado que o consumidor estará pagando a conta: pagando uma conta mais cara, por conta de um problema relacionado ao ICMS”, alerta o deputado Chico Lopes.

Na Tutela Antecipada, Lopes requer ao juiz a suspensão imediata da autorização da ANEEL para a inclusão do ICMS no próximo reajuste tarifário a ser feito pela COELCE. Solicita ainda que, quando da discussão do mérito da questão, a autorização para o reajuste seja considerada nula.

Histórico do caso

Em ofício enviado em 30 de dezembro de 2008, sob o No. 322/2008, a ANEEL informou ao governador Cid Gomes e ao deputado federal Chico Lopes sobre a decisão favorável ao pedido apresentado pela Coelce. O processo No. 48500.004290/206-24, da ANEEL, trata do 'deferimento de pleito da COELCE que implica aumento das tarifas de energia elétrica para todos os consumidores de energia elétrica, em virtude de alteração no Regulamento do ICMS do Estado do Ceará'.

Segundo o documento, a diretoria da ANEEL decidiu, por unanimidade, 'deferir o pleito de reconhecimento tarifário do custo adicional causado pela alteração da legislação tributária estadual, relativo ao valor não compensado do ICMS incidente sobre as operações de compra de energia elétrica contratadas junto a centrais geradoras localizadas no Estado do Ceará, especificamente da CGFT e das usinas eólicas da Prainha, Mucuripe e Taíba, condicionado à prévia auditagem das contas/despesas apresentadas e à real comprovação dos seus impactos econômico-financeiros'.

Essa modificação na legislação sobre o ICMS data de 2004, 'quando o diferimento do recolhimento do ICMS na operação interna de circulação de energia elétrica de usina geradora para a distribuidora foi revogado pelos Decretos Estaduais no. 27.487/04 e 27.534/04', registra o ofício da ANEEL. O documento também frisa que 'a recomposição tarifária, para reequilibrar a equação econômico-financeira do contrato de concessão da COELCE (...) decorre única e exclusivamente da alteração, a partir de 2004, das regras de tributação do ICMS no Ceará, de responsabilidade do Poder Executivo.

Para o deputado Chico Lopes, o consumidor não pode ser penalizado por um possível prejuízo causado à COELCE por uma mudança na legislação do ICMS, em 2004. "Não podemos aceitar que as agências como a ANEEL decidam, quase sempre, em favor das concessionárias, e não do consumidor", afirma Lopes. "Compreendemos que as concessionárias têm seus direitos, mas o consumidor é a parte mais fraca nessa relação. E é ele que vai ter de pagar, agora, por um suposto prejuízo acumulado desde 2004? Seriam 8% de reajuste só por essa mudança do ICMS, somados ainda ao percentual que a COELCE argumentar quanto à inflação nesse último ano", questiona o parlamentar, mostrando preocupação com o impacto da próxima revisão tarifária, marcada para abril próximo.

Chico Lopes promete enviar ofício à Secretaria da Fazenda do Governo do Estado (SEFAZ), solicitando um parecer sobre o caso. Além de sugerir ao Executivo o estudo de possíveis modificações na legislação sobre o tema – de modo a evitar a continuidade do problema nos próximos anos - providência também citada pela ANEEL no próprio ofício enviado ao governador Cid Gomes.

"Vou ainda fazer um pronunciamento sobre este caso e solicitar à Comissão de Defesa do Consumidor, da Câmara dos Deputados, a instalação de uma Comissão Especial para estudar a Lei das Concessões, especialmente no que diz respeito à política tarifária da energia elétrica", detalha.

Fonte: Ass. Imprensa - Dep. Fed. Chico Lopes - PCdoB-CE

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Lula, bem-vindo ao jornalismo!  

"A minha cama...
É uma folha de jornal"
(Noel Rosa)

Depois de Fidel Castro com suas indispensáveis "Reflexiones del Comandante", e do presidente da Venezuela, com suas densas argumentaçõs em "Las líneas de Chávez", teremos agora a coluna que Lula vai publicar regularmente em jornais espalhados por todo este país, cujo título, conforme está na Mensagem do Executivo enviada ao Congresso, será "O presidente responde".

Talvez poucos jornalistas tenham lido o documento, o que não é raro em se tratando de jornalistas, há muitos que não lêem estes documentos. Será interessante ter, na mesma página que ataca o Lula, suas respostas, suas interpretações, e suas análises para fenômenos políticos e sociais...

Trata-se de decisão política relevante, com muitos significados e, sobretudo, abrindo novas janelas para os que lutam para transformar os meios de comunicação, o jornalismo em particular, em instrumentos de civilização e democratização. Primeiramente porque o jornalismo ganha em conteúdo informativo, pois, ninguém duvida, trata-se de um "colega”altamente informado. E ganha também porque raramente alguém com a rica experiência de vida e de história que ele possui, com o olhar crítico popular sobre um jornalismo feito pelas elites e para as elites, tem acesso a escrever.

Não carece repetir a volumosa tendência antilulista predominante no jornalismo atual, o que tem levado o presidente a criticar com alguma freqüência a mídia, a baixaria televisiva e também um certo jornalismo por lhe causar azia. Pois, a decisão de se transformar um colunista político de jornal indica, primeiramente, que Lula dá um novo passo concreto para transformar o panorama comunicativo brasileiro, muito embora até mesmo muitos de seus aliados tenham dificuldades em reconhecer mudanças em curso na área, certamente porque a ditadura midiática rigorosamente hegemônica e onipresente, ofusca, confunde e cega.

Recapitulemos. Em 2002, um Seminário Nacional de Cultura e Comunicação, realizado em cinco regiões do Brasil, produziu um documento chamado “A imaginação a serviço do Brasil", incorporado como programa na campanha Lula-Presidente daquele ano. Este documento programático foi duramente criticado pela mídia conservadora, Veja à frente, como de inclinação "bolchevique-caipira"...

O documento trazia a proposta da TV Pública a partir da fusão entre Radiobrás e TVE, mais tarde realizada pelo presidente Lula, após convocar o primeiro Fórum Nacional de TVs Públicas ocorrido no Brasil. Trazia ainda a idéia de uma nova relação com as TVs e rádios comunitárias, que só agora, vencendo as dificuldades, começa a se delinear, sobretudo a partir da proposta de descriminalização (rádios-com) e também das várias políticas de audiovisual que podem também alcançar as TVs comunitárias.

Há muitíssimo o que caminhar, mas o sinalizado não está incorreto. Os muitos Pontos de Cultura criados expandem a produção audiovisual comunitária e regional, colocando, é verdade, um bom problema: o de se encontrar espaços de divulgação. Não sem razão a TV Brasil está fazendo a licitação para instalar repetidoras em 200 cidades de grande e médio porte, o que significa sim disputa de audiência.

Tímida? Pode ser, mas a direção é corretíssima, confere o que está na Constituição que pede comunicação plural, regionalizada, educativa e civilizatória. Sim, mas tem que chegar aos grotões. Sei o quanto é difícil pedir paciência em comunicação diante do pavoroso audiovisual embrutecedor, mas o fundamental agora é ajudar a construir esta TV Brasil e até muitos dos críticos já se calaram......

Pois Lula agora vai um pouco mais além: ele próprio transforma-se em colunista de jornal o que de certo modo já responde a uma descabido pito acadêmico que erroneamente considerou sua crítica a um jornalismo que faz mal ao fígado, como se fosse elogio à não-leitura. Se desprezasse a leitura, não se transformaria ele próprio em jornalista, disposto com o gesto a enfrentar o debate pouco equilibrado em curso no jornalismo brasileiro, com os conglomerados midiáticos unidos numa linha editorial predominantemente oposicionista ao seu governo.

Se o próprio presidente da república sente a necessidade de responder ele próprio às desinformações e manipulações ou às sonegações praticadas pela grande mídia contra si e seus atos — inclusive aquela que recebe enorme quantidade recursos financeiros do governo que ataca, até mesmo para produzir, por exemplo, programas como o Telecurso, de boa qualidade educativa, mas inexplicavelmente exibido de madrugada — imagine-se a vulnerabilidade do cidadão comum indefeso diante do poderio demolidor imagético dos meios!!!!

Vargas, Lula e a comunicação

Lições da história, os presidentes mudam a comunicação. Casos positivos: Perón criou a TV que já nasceu pública na Argentina; Guevara tomou o exemplo da Agência Latina de Perón e criou a Agência Prensa Latina em Cuba: o general Alvarado no Peru foi além nacionalizando os meios de comunicação e entregando-os aos sindicatos que, sem saber operá-los, os devolveu ao Estado. Chávez criou a Telesur.

A grande transformação comunicativa de sentido público havida no Brasil ocorreu na Era Vargas. Juntamente com a industrialização, a nacionalização do subsolo, a criação das empresas estatais estratégicas, do Instituto do Açúcar e do Álcool para abrir a era da energia da biomassa, e da legislação trabalhista que começava a tirar os trabalhadores da senzala oligárquica do direito trabalhista-zero, Vargas sentiu também a necessidade de mudanças no plano comunicativo e cultural.

Tendo criado o Instituto Nacional do Livro, o Instituto Nacional do Cinema, do Teatro, o ensino público obrigatório, o presidente gaúcho, que também havia sido redator de jornal no movimento estudantil, assume a criação da Rádio Nacional, da Rádio Mauá — a Emissora do Trabalhador —, do jornal A Manhã, A União, na Paraíba, tendo inclusive nacionalizado outros periódicos como A Noite, até mesmo O Estado de S.Paulo, durante o período em que o Tenente João Alberto, ex-integrante da Coluna Prestes esteve à frente do governo paulista.

Vargas criou ainda outras publicações, mas duas delas merecem registro: O Pensamento da América, destinado à integração latino-americana, e a Revista Cultura, cuja excelência, em ambas, devia-se à qualidade de seu quadro de redatores, entre os quais Carlos Drummond de Andrade, Gustavo Capanema, Nestor de Hollanda, Clarice Lispector, Oswald de Andrade, Mário de Andrade, Manuel Bandeira, etc. Estas publicações desapareceram soterradas pela mesma ação demolidora do patrimônio nacional que buscou acabar com a Era Vargas.

É verdade que o sindicalista Lula fez muitas críticas a Vargas, quiçá pela proximidade que tinha com uma certa sociologia paulista, inspirada em valores coloniais-oligárquicos, que mais tarde veio a privatizar a Vale do Rio Doce, a CSN, a Telebrás, a Portobrás, e, em boa medida a Petrobras. Tentaram rebatizá-la de PetrobraX, lembram-se?

Faz muito tempo, Lula chegou mesmo a declarar que "se Vargas era o pai dos pobres, era a mãe dos ricos". Talvez, com a experiência de quem tem que tocar o barco, não as repita hoje. Basta dizer, é o próprio presidente que hoje fala que nunca antes os banqueiros ganharam tanto dinheiro como em seu próprio governo.

Mais importante é, debaixo do tiroteio das declarações, numa caminhada de décadas, que fazem a alegria de uma mídia que quer condenar para todo o sempre a Era Vargas, descobrir linhas de coincidências históricas entre Vargas e Lula. Lembrando que Lula chegou a se emocionar quando visitou o túmulo de Vargas em São Borja, acompanhado de Leonel Brizola. E , mais recentemente, baixou decreto criando a Semana Vargas para que, segundo explicou, todos conheçam profundamente a obra daquele que foi o maior dos presidentes. Declaração dele.

Pois se Vargas criou a Rádio Nacional, a Rádio Mauá, a Voz do Brasil — instrumento de democratização da informação via rádio acessível a uma esmagadora maioria de brasileiros que ainda hoje, como há décadas, continua proibida da leitura de jornal —, Lula, com o mesmo sentido histórico, criou a TV Brasil, a TV pública brasileira, cujo projeto estava sendo trabalhado por Vargas como desdobramento da Rádio Nacional, tendo sido sepultado junto com o gaúcho, para a alegria do capital estrangeiro, das oligarquias nacionais, dos inimigos eternos dos direitos trabalhistas e também da comunicação pública. Hoje continuam tramando contra a Voz do Brasil, atacam o jornalismo chapa-branca, mas perdoam o jornalismo chapa-oligopólio.

Há outras identidades, mantidas as diferenças de épocas históricas: Vargas deu início ao pró-alcool, montou o trem do álcool, Lula o retoma, o valoriza, o expande contra a pressão das potências estrangeiras, ambos os presidentes buscando a independência nacional energética. Vargas concretizou a campanha "O petróleo é nosso", Lula afirma agora que "o Petróleo Pré-Sal é do povo brasileiro não das transnacionais”, as mesmas que levaram Vargas ao suicídio-golpe. E ainda convocou a UNE a sair às ruas para uma nova campanha "O petróleo é nosso".

Vargas criou o BNDES, o maior banco de fomento do mundo, que FHC usou contra o Brasil na privataria, mas não conseguiu demolir. Lula recupera parcialmente a função social do BNDES, o fortalece enormemente, fortalece o sistema financeiro público. Outras coincidências: a política externa da Era Vargas, como a da Era Lula, afirmativas da integração latino-americana, da soberania nacional, da independência, não são de tirar os sapatos e rebaixar-se ante ordens de qualquer guardinha de alfândega dos Estados Unidos...

Jornal Público

Como o tema é comunicação, a partir da decisão de Lula tornar-se colunista, somos levados a pensar num sentido histórico para acreditar que estão sendo criadas as condições para que o mesmo desejo do presidente de democratizar informações, de intensificar o debate democrático de ideias possa ser feito não apenas com sua coluna, mas com a criação de novos instrumentos de comunicação dirigidos à grande massa que continua proibida de ler jornal. Ou seja, uma ideia leva à outra.

Se somadas todas as tiragens dos pouco mais de 300 jornais diários existentes no Brasil hoje não alcançamos o número de 7 milhões de exemplares. Ou seja, temos no Brasil indigência de leitura de jornais. Temos aí uma charada que o mercado, por si só, mostrou-se incapaz de resolver: como levar os brasileiros a ter pleno acesso à leitura, tornar acessível a eles uma tecnologia do século 16, a imprensa de Gutemberg?

Seja bem-vindo o presidente Lula ao mundo do jornalismo, até porque com certeza se ocupará mais diretamente dos desafios da comunicação que ainda fazem com que o Brasil seja um país com informação controlada por uma ditadura vídeo-financeira. Apesar de que exista uma capacidade ociosa crônica de 50% de nossa indústria gráfica, parada enquanto o povo não tem o que ler! Isto ilustra quando Lula diz que ainda não resolvemos problemas de outro século....

Lula e Evo: identidades no social

Quem sabe o colunista Lula não esteja já pensando — diante da expectativa positiva que criou ao anunciar que suas próprias palavras serão reproduzidas em centenas de jornais — em como superar os limites impostos pelo sistema de proibição da leitura. Diante de dilema similar de uma mídia de corte oligárquico, que ignora até mesmo que a Bolívia é hoje considerado "Território Livre do Analfabetismo” pela Unesco ou que já retomou corajosamente o controle nacional sobre suas riquezas minerais, Evo Morales viu-se impelido a lançar um jornal do poder público, já que o "livre jogo do mercado”conduz apenas à concentração, a um jornal para as minorias e a uma linha editorial rigorosamente antipatriótica.

Mercado não democratiza, mercado concentra, carteliza, exclui, discrimina, sonega, embrutece.... Como hoje até mesmo os inimigos do Estado estão agora "convertidos” a reconhecer o Estado como solução para a grande crise do capitalismo, no campo da comunicação podemos trabalhar com ainda mais desenvoltura as teses que reivindicam mais protagonismo do Estado: só o fortalecimento da comunicação pública, sua qualificação, sua capacidade de disputar audiência, leitores, poderá finalmente possibilitar que a invenção de Gutemberg seja acessível a todos os brasileiros, como aos bolivianos. Evo alfabetiza e democratiza a leitura. Lula cria a universidade da integração latino-americana (Unila) e torna o ensino do espanhol obrigatório. Muitas identidades. A coluna de jornal de Lula é apenas o primeiro passo, no sentido correto.

Que não se diga que os poderes públicos não podem editar jornal!!! Será um decreto escrito nas estrelas? Ué, por que os críticos não ficam esbaforidos, nem indignados com o fato de que é o Estado que banca grande parte do jornalismo privado? Mas, jornalismo público, não??? Aí seria um crime??? Na França existe um jornal editado pela Previdência Social que chega a todos os segurados e não apenas com notícias previdenciárias. É um jornal, traz notícias, do país, do mundo, do futebol, das cidades, do clima, da economia, da cultura.

Por que será impossível pensar que o Programa Bolsa Família — que leva farinha, café, macarrão a 13 milhões de famílias — não pode também levar um jornal, talvez o único que os brasileiros pobres possam segurar em suas mãos não para forrar banheiro ou para servir de cama como na música de Noel Rosa? Mas, um jornal que respeite os mais pobres como cidadãos, que lhes traga informação sobre a vida, sobre o funcionamento da economia que eles, os mais pobres, movimentam.

Um novo jornalismo precisa ser criado para falar não apenas de bolsa de valores que ninguém sabe o que é, mas para falar do preço da latinha e do papelão que movem milhões de seres na economia dos recicláveis. Que não fale apenas de crimes, mas fale dos programas públicos, das oportunidades, da música popular, dos heróis nacionais. Que explique sobre medidas simples para a prevenção de doenças contagiosas, como o câncer de pênis, que pode ser prevenido em boa medida com informação em saúde, mas que os jornais sustentados por anúncios da indústria de medicamentos não querem divulgar.

Que lhes dê a oportunidade de criar finalmente um hábito de leitura, convenhamos que isto é impossível se não existe um jornal de distribuição gratuita, com linguagem simples e clara — não nos faltará talento para isto, afinal já demos um Monteiro Lobato, um Paulo Freire, um Ariano Suassuna, somos um país de preciosos cordelistas e payadores, mas que não têm onde escrever.

PAC da informação e da cultura

Este é o grande desafio: está muito bem que Lula seja colunista de jornal, sobretudo por ser cidadão de excepcional inteligência política — muito mais bem informado do que os mais bem informados jornalistas — e com sua capacidade de discernimento e leitura do mundo e de escrever uma outra história política para o povo brasileiro ao ter criado instrumentos, a CUT e o PT, que estimularam a participação direta dos mais pobres e excluídos na vida política e nos destinos do país.

Mas, esta coluna precisa também de um jornal para que seja lida por milhões, distribuído pelo mesmo mecanismo do Bolsa Família, pelas Redes do SUS, pelos sindicatos, fábricas, estádios de futebol, metrôs, ônibus e trens. Já que Lula se animou a entrar no jornalismo, tomara que seja o preâmbulo de um esforço para criar, além da TV Brasil, um jornal para os milhões de brasileiros proibidos da leitura. Aliás, a EBC é empresa de comunicação, não apenas de rádio e de televisão.

Esta proposta já havia sido levada pelo Sindicato dos Jornalistas do Distrito Federal ao Congresso Nacional da categoria: um Programa Público de Popularização da Leitura e Edição de Jornal, aproveitando a capacidade ociosa da indústria gráfica. É o PAC da informação e da cultura. Gera emprego, mas sobretudo, gera um cidadão novo, informado, cidadão completo.

"A gente não quer só comida", diz a música. Ou como diz o meu chará "Saciar a fome de pão e a fome de poesia também". Aquela masturbação acadêmica que procura a porta de saída do Bolsa-Família certamente não poderia rejeitar: além de nutridos, seres humanos com acesso à leitura, para enxergar mais longe na vida e na história. Os acadêmicos conservadores criticam o povo que não lê, então não podem rechaçar, devem apoiar, que se trabalhe para demolir o sistema de proibição da leitura né?

Que não se venha a inverter o verdadeiro debate falando de diploma: o desafio é criar um jornal para milhões. Se o Bolsa Família é dos maiores programas sociais do mundo, que ele seja enriquecido com a oferta de um jornal respeitoso ao pobre, civilizador, educativo, lúdico e informativo.

Quanto a diploma, é indispensável, sim, uma regulamentação, mas uma que permita a classes populares o exercício do jornalismo. Fica o tema para debate, mas definitivamente, o colunista Lula está dentro da lei, além do que seu único diploma, como declarou de modo comovedor, é o diploma de presidente da República que lhe foi dado por 63 milhões de eleitores-professores.

Por Beto Almeida,
Diretor da Telesur


Fonte: Portal Vermelho

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Vitória do sim: o povo tem razão  

Por Titi Alvares*

Estava em Belém para o Fórum Social Mundial, agora em janeiro. Em determinada ocasião, disse um motorista de táxi sobre as reeleições: “o problema não é o cara continuar no poder, é ele continuar no poder sem o povo querer. Se o povo quer, está tudo bem”. O taxista não se referia a Hugo Chávez, mas a frase pode responder àqueles que adoram chamar de ditador o campeão em eleições.

Agora, desmoralizados pela especial adoração de Chávez por chamar o povo às urnas, ao invés de ditador ele passou a ser aquele que, de tanto fazer eleições e plebiscitos, tornou o processo vulgar. A mídia marrom e as elites ainda o acusam de ter sido derrotado na outra votação das alterações na constituição e de ter-se dado uma “segunda” chance. Mas nesse caso, há diferença entre pesos e medidas. No caso da União Européia, por exemplo, quando os povos de diversos países rechaçaram a constituição do bloco, ninguém se levantou contra novas consultas.

A radicalização da democracia é apenas um dos traços da mudança de época no nosso continente, iniciada a partir da eleição e reeleição de governos progressistas, cujo pioneiro foi justamente Hugo Chávez, em 1998, na Venezuela. O que tira as elites do sério é que, eleição após eleição, a vitória do campo progressista se confirma e o processo revolucionário se reafirma naquela nação. A vitória nesse referendo fortalece o processo de integração continental, o Mercosul, a Unasul e a Alba. Fortalece a soberania nacional, a cooperação, o combate às assimetrias, a multipolaridade, a aplicação de políticas sociais, a democracia, a unidade dos povos latino-americanos.

Além do mais, deve-se levar em conta o momento político em que o povo renova sua confiança nos rumos apontados por Chávez: num contexto de crise mundial do neoliberalismo, quando fica evidenciada a necessidade de um modelo alternativo, viável aos povos. Nesse caso, a vitória no referendo deste domingo fortalece a nova luta pelo socialismo, que se dá através de um caminho próprio para o desenvolvimento nacional e para a emancipação dos povos.

A histórica votação mostra que existe espaço para propor uma alternativa à esquerda como resposta à crise e cria a expectativa de que se avizinha um momento de retomada da ofensiva ideológica dos movimentos progressistas e das forças revolucionárias em contraponto às combalidas idéias neoliberais. Na realidade venezuelana já é possível inclusive hastear novamente a bandeira da luta pelo socialismo, apontado nas palavras de Chávez como o “socialismo do século 21”.

* Titi Alvares é diretora de Relações Internacionais da UJS

Fonte: Sítio Nacional da UJS

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Trote, só se for cidadão  

UNE combate atitudes violentas e propõe ações sociais para a integração entre calouros e veteranos

Meses de estudos intensos, ansiedade, dedicação. Chega o momento de conferir a lista de aprovados. Vitória! Você passou no vestibular e agora é universitário e tem muito o que comemorar certo? Certo, afinal o ingresso no ensino superior é uma conquista em um País onde apenas 12% da população tem acesso a universidade.

A recepção dos calouros marca o início do ano letivo. Trata-se de um ritual de passagem que, muitas vezes, faz parte da comemoração e representa um rito que facilita a aceitação no grupo social. Mas, infelizmente, não é raro assistir cenas de violência, neste que deveria ser um momento de celebração.

No último período, vários casos de abusos, humilhações e agressões físicas têm sido denunciados pela imprensa. A UNE, como entidade representativa de todos os estudantes universitários – incluindo os calouros –, resolveu organizar uma recepção diferente aos que ingressam na universidade.

No sentido de combater a onda de violência e apresentar perspectivas de como os estudantes universitários podem contribuir com o desenvolvimento do Brasil, a entidade fechou uma parceria com a Federação Nacional dos Estudantes de Administração (Fenead) e a ONG Opção Brasil e participa da Campanha Trote Cidadão 2009.

O objetivo é receber os novos alunos com ações de cunho social, com base no eixo 8 da plataforma "8 jeitos de mudar o mundo", criada pela Organização das Nações Unidas (ONU).

O eixo 8 consiste em estabelecer uma parceria mundial para o desenvolvimento. Daniel Vaz, da ONG Opção Brasil, informou que a idéia surgiu em 1998, depois do trágico episódio da morte de um calouro de medicina da USP, em São Paulo. "Este ano queremos garantir a participação da juventude para reduzir as desigualdades", disse.

A sugestão é que os veteranos promovam aulas inaugurais, pedágios solidários, festas com arrecadação de livros, mutirões de limpeza ambiental, jogos interfaculdades, visitas à instituições, entre outras ações. Participe.

Campanha

O Trote Cidadão é uma campanha nacional para a recepção de calouros universitários, que visa estimular a integração sadia e responsável destes ingressantes ao ambiente universitário e ainda promover o protagonismo juvenil com iniciativas junto às demandas da sociedade.

Desde a sua criação, em 1998, o Trote Cidadão já mobilizou mais de 100 mil estudantes espalhados em mais de 200 faculdades/universidades de aproximadamente 20 Estados brasileiros. Inicialmente criado pelos estudantes de Administração, conseguiu atingir outros cursos universitários que também adotaram a campanha.

Em 2008, foi trabalhado a sustentabilidade ambiental, onde aconteceu pela primeira vez o trote ecológico na Universidade Estadual da Paraíba (UEPB).

Fonte: Sítio da União Nacional dos Estudantes

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Plenária define os rumos da UJS em Fortaleza  

Em plenária municipal, realizada na tarde do último sábado (14), a UJS de Fortaleza definiu os rumos de sua política para o 1º semestre de 2009, com destaque para o Congresso da UNE, principal atividade deste período, previsto para julho. Além do CONUNE, constaram na pauta a recomposição da Direção Municipal e o movimento estudantil secundarista.

Um grande debate sobre a atualidade deu início a plenária. Entre os principais assuntos foi ressaltada a crise mundial e a resistência na América Latina. Na consideração dos participantes, esses dois fatores são fundamentais para contribuir com o avanço das forças revolucionárias em todo mundo.

Outro ponto levantado foi o papel do governo Lula diante desse quadro e as eleições para presidente em 2010. Ficou claro que é preciso haver um esforço do governo no sentido de conter o avanço dessa crise em nosso país, com maior investimento do estado. Ao mesmo tempo, deve-se aprofundar ainda mais esse projeto democrático e soberano, tendo em vista garantir a reeleição de um candidato da esquerda para a Presidência da República.

Sobre a recomposição do pleno da Direção Municipal, algumas alterações foram realizadas. Dessa forma, três novos militantes se incorporaram à direção: Fernando (UNIFOR), André Fernandes (Joaquim Nogueira) e Pedro Possidônio (UFC).

O movimento estudantil secundarista rendeu um grande debate, que se deteve, principalmente, no fortalecimento da nossa atuação nas organizações estudantis, desde os grêmios até a ACES (Associação Cearense dos Estudantes Secundaristas), e na preparação de uma campanha pela “reserva de vagas” para estudantes de escolas públicas nas universidades estaduais do Ceará.

Contudo, o ponto alto da plenária foi o movimento universitário e o Congresso da UNE em julho. Visto como principal atividade deste semestre, o congresso foi associado a todas as disputas no movimento estudantil universitário em nossa cidade, principalmente ao congresso da UFC, a eleição do DCE da UNIFOR e ao CONEG da UNE (Conselho Nacional de Entidades Gerais). Para a militância da UJS, o resultado desses embates pode ser definitivo para nossa atuação no congresso da entidade. Nesse sentido, ficou claro que devemos atuar, daqui em diante, no fortalecimento de nossa política entre os estudantes e na preparação de chapas amplas e com condições de disputar e ganhar essas e outras eleições.

Flávio Vinícius,
Presidente da UJS Fortaleza.

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O canoeiro  

Por Flaviene Vasconcelos* (texto e imagens)

Embora suas múltiplas feições, oriundas da miscigenação de brancos, negros e índios, o brasileiro consiste em um único povo. Essa unidade foi por muitas vezes testada através de movimentos e insurreições separatistas que, apesar de derrotados, serviram para revelar uma característica marcante dessa mistura de raças e culturas: a bravura e a combatividade!

Foram homens e mulheres que de norte ao sul do país, impelidos por seus ideais, deram suas vidas em causas que acreditavam justas, revelando a coragem que lhes eram inerentes.

Hoje, o movimento separatista parece superado, no entanto, podemos ver a mesma coragem desses heróis nas expressões da luta cotidiana do cidadão brasileiro.
Foi assim que a obra o canoeiro foi concebida, no intuito de revelar através da fotografia como essas peculiaridades são oriundas do nosso processo de formação, que atravessando gerações se materializa na luta revolucionária ou na labuta diária. Sua execução ocorreu através da observação rotineira de um morador da cidade de Alcântara – Ma, de nome desconhecido, que sem proferir uma única palavra, mostrava muito dessas características “genuinamente”, se assim podemos falar, brasileiras.

Caboclo nordestino tem no rosto a marca da bravura indígena e a força dos negros escravos que ali viveram. Homem de poucas palavras, trás no semblante um arcabouço da história do Brasil.

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*Flaviene Vasconcelos é estudante de Ciências Sociais da UFC e militante da União Brasileira de Mulheres - UBM.

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UJS de Fortaleza realiza Plenária sábado  

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A Direção Municipal da UJS de Fortaleza convoca seus filiados e amigos para discutir nossa atuação nesse primeiro trimestre de 2009. Essa plenária tem por objetivo tratar de questões importantes para a entidade nesse momento, tais como: recomposição da Direção Municipal, substituição dos membros da gestão; movimento estudantil secundarista, fortalecimento da ACES, atuação na UNEFORT e campanha pela Reserva de Vagas nas Universidades públicas para estudantes de escolas públicas e etnias; e movimento universitário, tendo em vista o congresso da UNE previsto para Julho.

Data: Sábado - 14/02.

Local: Sede da UJS - Av da Universidade, Benfica.

Hora: 15h.

Depois vai rolar o bloco de carnaval da UJS, o Bloco dos Valetes. Você não pode perder!

Saudações Socialistas!!!

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Quartas Vermelhas em Fortaleza  

A Foice e o Martelo

Experiência bem sucedida no ano de 2008, o ciclo de palestras promovido pela Comissão de Formação do PCdoB de Fortaleza, ganha novo nome - Quartas Vermelhas - e reinicia suas atividades em fevereiro deste ano realizando duas palestras.

A primeira acontece no próximo dia 04 de fevereiro, quando será discutido o tema: “O Conflito na Faixa de Gaza”, e cujo palestrante será o presidente do PCdoB de Fortaleza, Luis Carlos Paes.

Já no dia 18 de fevereiro a palestra será sobre “Os 50 anos da Revolução Cubana” e será proferida pelo professor e historiador Evaldo Lima. O Ciclo de Palestras acontece sempre às 19h, no auditório César Uchoa, na sede municipal do PCdoB de Fortaleza.

O calendário do evento inclui ainda os temas: “O encontro dos Partidos Comunistas do Brasil” e “A história do PCdoB no Ceará”, que ocorrerão no mês de março e “Movimentos Sociais, O Partido e O Governo” e “Os Impactos da Crise econômica no município de Fortaleza”, que estão marcados para o mês de abril.

Segundo o secretário de Formação, Vicente Carneiro, as Quartas-Vermelhas tem como objetivo atualizar os comunistas fortalezenses em discussões importantes para o país. “A formação política é, sem dúvida, um importante instrumento para o fortalecimento orgânico e teórico do Partido Comunista e de seus militantes” afirma o dirigente.

Fonte: Portal Vermelho

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