Big Brother emburrece a sociedade brasileira
A nona edição do Big Brother Brasil, que estreou em 13 de janeiro, tem causado calafrios aos mercadores de ilusão da poderosa TV Globo. Ela ainda não superou a média de 36 pontos do Ibope, a terceira posição no ranking das piores audiências do BBB nas suas semanas iniciais. A primeira edição, por exemplo, atingiu 49 pontos; a quinta teve 46 pontos. Diante deste resultado, especialistas já prevêem que o reality show, criado pela firma holandesa Endemol, "não decolará no Ibope" e pode ter o seu futuro ameaçado - o que seria bastante saudável para a sociedade.
Segundo Ricardo Feltrin, colunista da UOL, o BBB-9 "exibe um viés de baixa na audiência que se intensifica desde 2004. Nas últimas cinco edições, sua média comparada caiu de 47,5 pontos para 32 - uma redução de 33% no número de telespectadores". As inovações, como a "casa de vidro", e os deprimentes paredões ainda não conseguiram reverter a tendência de queda. Mesmo assim, o Big Brother ainda é o líder absoluto de audiência, com o dobro de telespectadores da segunda colocada, a TV Record. Ele também supera o "Domingão do Faustão" e as telenovelas globais, estas sim em acelerado declínio, o que gera uma guerra de bastidores na Rede Globo.
Fábrica de ilusões e de dinheiro
Além disso, o BBB continua sendo uma das principais fontes de lucros da Rede Globo. Segundo o jornalista Daniel Castro, ele nem havia estreado e os seus intervalos comerciais já tinham sido completamente vendidos até o final. Estima-se que o BBB-9 renderá cerca de R$ 110 milhões à emissora - R$ 60 milhões em cotas de patrocínio e outros R$ 50 milhões em merchandising, anúncios extras, espaços vendidos na casa, assinaturas de pacotes na TV paga, etc. Ele hoje seria o produto mais rentável e lucrativo da empresa, superando as receitas com as telenovelas.
Somente com a "Loja do BBB", a emissora já elevou em 70% os seus lucros em relação a 2008. Segundo Bárbara Sacchiello, "através da divisão Globo Marcas, a grupo mantém, há três anos, a loja hospedada no site do programa. Ao todo, são 30 produtos diferentes, entre roupões, bolsas, utensílios domésticos e até edredons com a marca BBB... A cada edição, novas peças chegam para se juntar ao portfólio do site e atrair fãs". A novidade neste ano são os dois robôs RoBBB, que trazem imagens e sons em tempo real. Os "olhinhos" robóticos custam R$ 449,90 e R$ 169,90, respectivamente, e a emissora já teve que encomendar mais peças à fornecedora Yellow.
"Espelho fiel da vida amesquinhada"
Diante do sucesso comercial (e o que importa é lucro, e não a qualidade do produto), a TV Globo já estuda prorrogar BBB-9 de 24 de março para 7 de abril. Mas o que explica este fenômeno da televisão brasileira e mundial? A psicanalista Maria Rita Kehl, no livro Videologias, escrito em conjunto com Eugênio Bucci, dá importantes pistas. "Os reality shows são a forma mais eficiente de ilusão que a cultura de massas já produziu: eles vendem aos espectadores o espelho fiel de sua vida amesquinhada sob a égide severa das 'leis do mercado'. Eles vendem a imagem da selva em que a concorrência transforma as relações humanas. Só que elevados ao estatuto de espetáculo".
Para ela, "o show do BBB é a festa neoliberal do cálculo, o jogo da incansável concorrência com ou sem limites éticos... Os concorrentes ao prêmio final do BBB conspiram, manipulam, traem uns aos outros - esta é a verdadeira dimensão 'obscena' do show - até que o mais esperto, que se apresente como o mais amável ao público, ganhe a bolada prometida. A destruição da dimensão pública da vida humana, a privatização do sentido da vida e a consagração do homem subjetivo em lugar do homem político, como o novo paradigma do melhor que nossa sociedade produziu, são os componentes secretos do sucesso desse tipo de programa".
"Concorrência sem limites éticos"
Noutro texto, ela provoca: "É verdade que os luxuosos 'cativeiros' dos reality shows representam uma invasão, ainda que consentida, da privacidade dos cativos. Mas se ela é consentida, digamos que o exibicionismo dos protagonistas ultrapassa o voyeurismo das câmeras. A imprensa que acompanha o desenvolvimento desses shows afirma que a audiência se sustenta sobre o desejo do público de presenciar escândalos, brigas e cenas de sexo ?reais'. No entanto, os escândalos são escassos, se comparados aos longos períodos em que nada digno de nota acontece".
"Assistimos a um grupo de jovens geneticamente selecionados a gastar o seu tempo ocioso em conversas bobas, fofocas, cuidados corporais, picuinhas. O que interessa ao espectador fiel é a esperança de que a exibição, pela televisão, da banalidade de um cotidiano parecido com o seu, ponha em evidência migalhas de brilho e dê sentido que sua vida, condenada à domesticidade, não tem... A pobreza dos sonhos de fama dos que se candidatam ao cativeiro de luxo do Big Brother espelha a pobreza dos sonhos do espectador cativo, que espera o espetáculo começar".
Em síntese, o BBB incentiva os piores instintos humanos e contribui para a idiotização da nossa pobre sociedade. "Conspirações, traições, armadilhas, estratégias descaradas para passar a perna nos companheiros e garantir a própria permanência: este é o tema do BBB". No afã por lucros, a TV Globo pouco se importa com o conteúdo "sádico" do programa. Para ela, tudo é mercadoria. Como afirma o apresentador Pedro Bial, que renegou seu passado de jornalista sério, "tenho zero de preocupação em dar um aspecto cultural ao programa. Acho que tudo é cultura. Big Brother é tão cultura quanto Guimarães Rosa". Haja cinismo, uma marca registrada do BBB.
Por Altamiro Borges, jornalista, membro do Comitê Central do PCdoB.
22/02/2009, 18:57
A primeira vez que assisti a Bobagens,Bobos e Banalidade,foi em 2002 quando fazia o 3° ano,prestes a fazer vestibular,estudando de manhã tarde e de noite,e o comentario principal entre os meus colegas da classe era esse tal de BBB.Como na sexta não tinhamos aula a noite resolvi assisti e não aguentei vê-lo todo por tanta bobagem,percebi que o programa deixava o telespectador curioso para vê na proxima parte o que um casal estava fazendo debaixo do lençol,foi ai que desisti e até hoje nunca mais assisti essa essa coisa idiota,pois o que vai contribuir de bom na minha vida em quanto um boa cidadã,NADA.Confesso que minhas expectativas era até rasoavel pois já que nessa epoca eu já detestava a globo,e até pq tb via meus irmãos formados em excelentes universidades correndo e até mesmo deixava o carro aberto para sair correndo para não perde A COISA IDIOTA BBB.
Realmente não sei o que falta passar ainda nessa emissora que só passa na sua maioria programas que ajuda a deixar o povo alienado,e ainda usa termos para a exclusão,onde já escutei crianças querendo que as outras vá para o paredão po ter errado na brincadeira,como foi no caso da escola que trabalho.Vejo mesmo que essa COISA IDIOTA está deixando muitos cada vez mais burros e idiotas a ponto de falar que BBB é cultura assim como Guimarães Rosa.Precisamos de novas emissoras,de novos canais,emissoras renovadas.Essas emissoras,essa tal de "grande midia" que é a emissora desse sistema opressor,que exclui que é o sistema capitalista.