Salim Lamrani*: La Dolce Vita de Yoani Sánchez em Cuba
Publicado por Blog UJS Ceará
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quinta-feira, 21 de fevereiro de 2013
Ao contrário do que afirma, dissidente possui padrão de vida inacessível para a imensa maioria dos cubanos.
Ao ler o blog da dissidente cubana Yoani
Sánchez, é inevitável sentir empatia por esta jovem mulher, que
expressa abertamente sua oposição ao governo de Havana. Descreve cenas
cotidianas de privações e de penúrias de todo tipo. “Uma dessas cenas
recorrentes é a de perseguir os alimentos e outros produtos básicos em
meio ao desabastecimento crônico de nossos mercados”, escreve em seu
blog Generación Y. De fato, a imagem que Yoani Sánchez apresenta dela
mesma – uma mulher com aspecto frágil que luta contra o poder estatal e
contra as dificuldades de ordem material – está muito longe da
realidade.
Com efeito, a dissidente cubana dispõe de um padrão de vida que quase nenhum outro cubano da ilha pode se permitir ter.
Mais de 6 mil dólares de renda
A Sociedade Interamericana de Imprensa
(SIP), que agrupa os grandes conglomerados midiáticos privados do
continente, decidiu nomeá-la vice-presidente regional de sua Comissão de
Liberdade de Imprensa e Informação por Cuba. Sánchez, que como de
costume, é tão expressiva em seu blog, manteve um silêncio hermético
sobre seu novo cargo. Há uma razão para isso: sua remuneração.
A oposicionista cubana dispõe agora de um salário de 6 mil dólares
mensais, livres de impostos. Trata-se de uma renda bastante alta,
habitualmente reservada aos quadros superiores das nações mais ricas.
Essa importância é ainda maior considerando que Yoani Sánchez reside em
um país de Terceiro Mundo em que o Estado de bem-estar social está
presente e onde a maioria dos preços dos produtos de necessidade básica
está fortemente subsidiada.
Em Cuba, existe uma dupla circulação
monetária: o CUC e o CUP. O CUC representa cerca de 0,80 dólares ou 25
CUP. Assim, com seu salário da SIP, Yoani Sánchez dispõe de uma renda
equivalente a 4.800 CUC ou a 120.000 CUP.
O poder aquisitivo de Yoani
Avaliemos agora o
poder aquisitivo da dissidente cubana. Assim, com um salário semelhante,
Sánchez poderia pagar, a escolher: - 300.000 passagens de ônibus;-
6.000 viagens de táxi por toda Havana;- 60.000 entradas para o cinema;-
24.000 entradas para o teatro;- 6.000 livros novos;- um número ilimitado
de visitas ao médico, dentista, oftalmologista ou qualquer outro
especialista da área de saúde, já que tais serviços são gratuitos; - um
número ilimitado de inscrições a um curso de esporte, teatro, música ou
outro (também gratuitos).
Essas cifras ilustram o verdadeiro
padrão de vida de Yoani Sánchez em Cuba e dão uma ideia sobre a
credibilidade da opositora cubana. Ao salário de 6 mil dólares pagos
pela SIP, convém agregar a renda que cobra a cada mês do diário espanhol
El País, do qual é correspondente em Cuba, assim como as somas
coletadas desde 2007.
Com efeito, no período de alguns anos,
Sánchez recebeumúltiplas distinções, todas fi nanceiramente remuneradas.
No total, a blogueira recebeu uma retribuição de 250.000 euros, ou
seja, 312.500 CUC ou 7.812.500 CUP, quer dizer, uma importância
equivalente a mais de 20 anos de salário mínimo em um país como a
França, quinta potência mundial.
A dissidente, que primeiro emigrou à
Suíça depois de optar por voltar a Cuba, é bastante sagaz para
compreender que o fato de adotar um discurso a favor de uma mudança de
regime agradaria aos poderosos interesses contrários ao governo e ao
sistema cubanos. E eles, por sua vez, saberiam se mostrar generosos com
ela e permitiriam gozar da dolce vita em Cuba.
* Salim Lamrani é doutor em
Estudos Ibéricos e Latino-americanos da Universidade Paris Sorbonne
(Paris IV). Professor nas Universidades Paris-Sorbonne (Paris IV) e
Paris-Est Marne-la-Vallée. Jornalista, especialista sobre relações entre
Cuba e Estados Unidos.
31/03/2013, 12:26
Cada vez mais me convenço que, em Wall stret, comando geral do capitalismo, estão as novidades deste mesmo, capitalismo selvagem, e esta bloqueira é produto do meio.