A luta antiimperialista na América Latina
Por Flaviene Vasconcelos*
Uma das mais novas ameaças vindas do norte é a reativação da IV Frota estadunidense para patrulhar as águas da América Latina. Com o objetivo de intimidar o crescimento do embrião revolucionário que se instalou, sobretudo, na América do Sul e se posicionar estrategicamente diante a descoberta da maior reserva de petróleo em águas brasileiras, batizada de pré-sal, o fato é que se trata do maior arsenal bélico do planeta.
Muitos países questionaram a prepotência americana de tomar para si o papel de guardiã do continente, privilegiar os seus interesses econômicos e atropelar a soberania dos povos, no entanto, o que podemos ver é que nenhum dos pronunciamentos ecoou o suficiente para ser ouvido. Contabilizamos um sentimento de impotência, diante o tom demasiado arrogante adotado pelos EUA, quando ignoram os acordos internacionais dos conselhos da ONU – Organizações das Nações Unidas, em prol de seus objetivos.
Porém, essa não é a primeira demonstração de força que a história americana registra. Suas intervenções estão espalhadas pelo mundo e já deixaram marcas profundas em diferentes povos. Entre as vítimas do continente americano estão Guatemala, Chile, El Salvador, Nicarágua, Panamá e muitas outras. Os crimes variam entre a promoção de golpes contra governos democraticamente eleitos, assassinatos de lideranças revolucionárias, financiamento de armas e treinamento militar para grupos mercenários antipatriotas, além de muitos homicídios civis.
Trata-se da reafirmação do imperialismo respaldado pelo poder bélico, cujo desequilíbrio consta no fato de não existir outra potência que polarize o mundo, como vimos no passado com a URSS, no período da Guerra Fria. Obviamente, esta não é a saída que procuramos, no entanto, a bipolaridade mundial impôs limites aos passos largos que o capitalismo avançava.
A virada desse jogo passa, principalmente, pelo fortalecimento dos governos progressistas, sobretudo, da América Latina, onde durante anos os americanos depositaram seu lixo cultural, à custa da subjugação dos povos e de seu definhamento intelectual, condição indispensável para uma relação de dependência.
Essa realidade começou a mudar a partir de um posicionamento mais a esquerda dos países latinos, impulsionado pelo falecimento das propostas neoliberais, que prometiam prosperidade e só aprofundaram os níveis da violência, do desemprego e da miséria, sempre sobre os argumentos de uma falsa democracia. Somente países que extirparam suas mazelas sociais e garantiram direitos e oportunidades iguais para todos, têm assegurado um governo pautado nos pilares da democracia, do contrário, tudo não passa da ilusão perversa do capitalismo que tende a acomodar as massas fazendo concessões baratas e pouco consistentes.
A composição política Latino Americana, representada por Raul Castro em Cuba, Daniel Ortega na Nicarágua, Hugo Chaves na Venezuela, Evo Morales na Bolívia, Rafael Correa no Equador, Fernando Lugo no Paraguai, Michelle Bachelet no Chile, Cristina Kirchner na Argentina, Tabaré Vázquez no Uruguai, Lula no Brasil e, recentemente, a vitória da Frente Farabundo Martí, com Maurício Funes em El Salvador, evidencia o acirramento ideológico no continente e torna o momento propício para a luta antiimperialista. Também não podemos desconsiderar o fato de que o novo presidente dos EUA, Barack Obama, é um jovem negro de origens muçulmanas, que pouco poderá alterar o caráter belicista evidenciado na gestão George Bush, porém, está imbuído de um simbolismo importante para percebermos certa tendência à mudança no comportamento do povo norte americano.
Todos os fatores citados, somados a uma crise econômica sem precedentes na história, caracteriza a fragilidade do capitalismo como sistema capaz de trazer as respostas para as questões políticas, econômicas e sociais que estão postas na contemporaneidade, favorecendo a intensificação da luta pelo socialismo.
Estamos à beira de uma eleição no Brasil e será um grande desafio garantir a continuidade do projeto iniciado com o governo Lula que, embora as contradições - devido à adoção de uma política econômica equivocada que restringe o poder de consumo dos trabalhadores -, recuperou a auto-estima e a soberania do povo brasileiro, através da elevação da qualidade de vida da população mais pobre e da reafirmação dos nossos valores enquanto nação.
Os comunistas se destacaram com uma atuação impecável nesse governo, assegurando os avanços e denunciando os entraves que impediam maiores conquistas para os não favorecidos pelo sistema vigente, evidenciando a luta de classes nos espaços de poder, no entanto, a correlação de forças nem sempre favorável impossibilitou que o governo Lula se aproximasse de um caminho rumo ao socialismo. É preciso garantir a vitória das forças progressistas em 2010 para que, levando em conta a atual conjuntura e a ousadia marxista-leninista, se crie as condições para recolocar a questão para o seu sucessor ou sucessora.
Abaixo o imperialismo e viva o Socialismo!
*Flaviene Vasconcelos é estudante de Ciências Sociais da UFC e militante do Cebrapaz - Centro Brasileiro de Solidariedade aos Povos e Luta pela Paz.
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