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Novo vestibular: um grande debate  

Por Flávio Vinícius*

Ao anunciar a intenção de mudar o modelo de ingresso na universidade brasileira, o Ministério da Educação (MEC) acendeu a discussão sobre um tema recorrente no movimento estudantil - a democratização do acesso ao ensino superior. Contudo, em pouco tempo, o MEC já surgiu com uma proposta que estabelece uma avaliação padrão para todo Brasil, inspirada no ENEM (Exame Nacional do Ensino Médio), mas com algumas alterações.

O novo método proposto, o curto prazo para sua implementação e a forma como foi gestado, sem a participação da sociedade, estimulou uma série de questionamentos. Esse debate é um grande desafio para o movimento estudantil, que há muito defende uma mudança no vestibular, sem, no entanto, formular um novo modelo de acesso à universidade. Qualquer proposta nesse momento precisa ser avaliada com muito cuidado, pois os interesses envolvidos são diversos.

O modelo unificado de avaliação é positivo, pois estabelece um padrão de qualidade ao ensino, contudo ele ignora as diversidades regionais, em um País eclético como o Brasil, afastando ainda mais o estudante do seu ambiente social. Sabemos como operam, por exemplo, as instituições privadas de ensino médio: seus currículos são todos voltados para o vestibular, pois ganha mais quem aprova mais.

Qualquer proposta tem que incluir os excedentes de outros vestibulares. Portanto, não dá para aplicar nesse momento um modelo que avalie o desenvolvimento do aluno por etapa durante todo o ensino médio, já que ele exclui aqueles que já concluíram e estão fora da escola. A menos que se criem dois métodos de avaliação para o ingresso no ensino superior. O que seria mais complicado.

O Ministério da Educação levantou um debate importante para os estudantes brasileiros. Nesse sentido, é precipitado elaborar um modelo dentro de um gabinete sem a participação dos principais interessados. E ainda sem permitir o aprofundamento da questão, pois essa proposta do MEC é um avanço, mas não muda a estrutura excludente do sistema de ensino superior no Brasil.

A UBES e a UNE demonstram grande maturidade quando pautam essa discussão de uma forma ampla e exigem essa postura do MEC. O recurso a mobilização já foi iniciado, com o ato da UBES em São Paulo pelo fim do vestibular. Agora é preciso debater com os estudantes de todos os cantos do Brasil para chegarmos a um modelo capaz de amenizar o sofrimento dos milhares de jovens que "sobram" no vestibular todos os anos.

*Flávio Vinícius é presidente da UJS Fortaleza e faz parte da DE da UJS Ceará.

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1 Comentário:

  • Andréia Duavy  
    20/04/2009, 15:14

    A mudança no vestibular , de certa forma, se colcoca como um avanço na educação do país, questiona a educação tecnicista e o vestibular atual,pois não testa a capacidade de memorização de dados, mas sim a sua capacidade em lidar com diferentes situações e encontrar soluções. Por outro lado, foi uma decisão que pegou o movimento estudantil de surpresa, já que não foi feita uma discussão ampla, e sua implementação é rápida, o que dificultaria o acesso dos que já estão direcionados ao vestibular tradicional. Além de tudo isso a prova será mais longa- 200 questões.
    É um debate que todos devem participar, para que possamos tomar um posicionamento o mais rápido possível, e pensarmos em medidas que visem a real democratização do acesso à Universidade.

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