A resposta dos estudantes cearenses à limitação da meia entrada
O Ceará mais uma vez mostra ao país porque é chamado de província rebelde. Entre todas as grandes cidades tupiniquins, Fortaleza foi a primeira a se manifestar contra o PLS 188/07, de autoria do senador tucano Eduardo Azeredo, aprovado pela Comissão de Esporte, Cultura e Educação (CE), na terça-feira passada (25/11). O Projeto de lei, ainda esperando ser votado pela Câmara de Deputados, estabelece a criação de cotas que visam limitar em apenas 40% do total dos ingressos, em eventos culturais ou esportivos, a venda da meia entrada para os estudantes.
Em resposta à mais este ataque aos nossos direitos, na última quinta-feira (28/11), a União Nacional dos Estudantes (UNE), União Brasileira dos Estudantes Secundaristas (UBES) e a Assossiação dos Estudantes Secundaritas do Ceará (ACES) realizaram grande protesto com a presença de mais de 800 estudantes da capital, região metropolitana e representantes de outros municípios do interior.
Saiba como foi a manifestação
Além de estudantes secundaristas e universitários de Fortaleza, vieram participar da manifestação estudantes de Caucáia, Aquiraz, Aracati e Sobral. Também esteve presente, durante todo o ato, o deputado Federal Chico Lopes (PCdoB-CE), apoiando a luta da juventude.
A concentração da manifestação teve início na Praça da Bandeira, às 14h. As batucadas das fanfarras escolares chamavam de longe a atenção dos transeuntes. Enquanto isso, os estudantes chegavam animadamente em diversos ônibus e os jornalistas, de vários periódicos e canais de TV, buscavam descobrir quem eram as lideranças daquele movimento que ousava levantar a voz contra a maquinação do lobby dos artistas globais e dos grandes empresários da indústria cultural do país.
Por volta das 15h, os estudantes saíram em caminhada pela rua 24 de Março, rumo à Praça do Ferreira. Das sacadas dos edifícios e estabelecimentos comerciais assomavam os rostos dos trabalhadores do setor de serviços. Ao longo do trajeto, inúmeras vezes, sensibilizados pelos discursos das lideranças estudantis que se revezavam ao microfone, explicando o motivo da manifestação, das janelas dos prédios os comerciários e terceirizados fizeram chuver papel picado nas ruas, na tradicional maneira de externar anuência aos protestos que costumam percorrer o centro da cidade.
Já na Praça do Ferreira, os estudantes se reuniram em frente ao Cine São Luís. As intervenções inflamadas do movimento estudantil, sempre interrompidas por palavras de ordem entoadas por filiados e simpatizantes da União da Juventude Socialista do Ceará (UJS-CE), continuaram a chamar a atenção da população e grande multidão ali se aglutinou para ouví-las.
Pacificamente, assim como começou, o protesto chegou ao seu termo. Segundo as lideranças, o saldo da manifestação é positivo. Grande parcela da população cearense obteve conhecimento do fato, diretamente ou através da notícia dos jornais, sem mencionar a intensa agitação realizada nas escolas e universidades. Esperamos que nos demais estados brasileiros o movimento estudantil também se levante contra a limitação da meia entrada, à exemplo do que aconteceu aqui.
Veja mais fotos da manifestação, registradas pelo olhar atento da militante do Centro Acadêmico de História da UVA (Sobral), Tânia Lígia: