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A casa grande, a senzala e o ENEM  

Por Gilvan Paiva*

Os resultados do ENEM seguem repercutindo. Para uns, o que foi feito até aqui tem sido insuficiente, para modificar indicadores historicamente negativos, produzidos na abissal desigualdade da sociedade brasileira. Para outros, tudo continua como dantes: os filhos da casa grande continuando a colher as melhores avaliações educacionais, porque seus pais detêm escolaridade maior e poder aquisitivo para escolher as melhores escolas. Enquanto a herança da senzala ainda permanece ditando os números negativos alcançados pelos mais pobres, em escolas precárias e desabilitadas para o ensino.

É possível construir uma educação de qualidade neste cenário? Definitivamente sim. A educação irá se fortalecer se houver mais democracia. Se houver um estado mais comprometido com o desenvolvimento e a inclusão social. Se a sociedade cumprir seu papel protagonista e impulsionar as conquistas existentes.

Os avanços, principalmente no Governo Lula, têm forte relação com a idéia da educação como política de estado, nos quais o financiamento, a gestão e a valorização do professor são eixos estruturantes de um projeto de longo prazo, viabilizado por ações articuladas que visam dar qualidade ao ensino e aprendizagem a todos.

Certos discursos fáceis querem jogar a responsabilidade dos problemas sociais brasileiros na precária e combalida escola pública. Paciência! A desigualdade no Brasil nasceu primeiro que a escola. Mesmo com os avanços alcançados, a educação tem sido incapaz, nesse momento, de promover a alteração de uma lógica que sempre apostou na ignorância e no analfabetismo do nosso povo. Os indicadores que temos ainda são “derivados da mentalidade escravocrata” e de políticas discricionárias e excludentes, realizadas secularmente.

A educação – assim como o país - floresce bem melhor num ambiente democrático onde os diferentes atores possam partilhar seus problemas e desafios. E será bem cuidada se os gestores tiverem compromisso e colaboração com a qualidade do ensino e compreensão de que a aprendizagem não se limita aos muros da escola, mas deriva de um amplo processo de construção de toda sociedade, articulada com os esforços de um estado democrático, soberano e socialmente comprometido com a felicidade de seu povo. Estamos no caminho, embora as pedras estejam por lá, como diria Drummond. Mais haveremos de removê-las.

*Gilvan Paiva é sociólogo e Secretário de Educação da Prefeitura de Maranguape/CE

Fonte: Portal Vermelho

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